segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Festa estranha com gente... LINDA!!!

Quem me lê já a algum tempo sabe que eu estou batendo Record de solteirisse este ano. Pela primeira vez na vida fiquei mais de 5 meses sem namoro serio.

Esta vida de solteiro tem sido interessante poder curtir a vida comigo mesmo. Gastar meu dinheiro com coisas importantes ou fúteis, diferente da vida de casado. Ir para onde quiser, quando quiser, com quem quiser, sem precisar sequer contar a ninguém. Dar a mim mesmo o direito de testar os limites do meu corpo com o sexo, para o muito... ou para o nada. Conhecer melhor a mim e aos meus gostos, os meus desejos. Saber, através da experimentação, o que eu gosto mais ou menos.

No entanto, algumas situações me intrigam, me fazem pensar e questionar a forma como eu olho para o mundo.

Já descrevi aqui também como parece difícil encontrar gente realmente interessante nas cidades pequenas. Pelo menos em grande quantidade, aglomeradas numa balada para o público gay, por exemplo.

Rola o medo de se expor, a facilidade de acesso às capitais, e até a migração dos gays, que é comum.

Sendo assim, não é raro falar ou ouvir um amigo fazer um convite para determinado evento ou lugar descrevendo-o como lugar com “muita gente bonita”. Parece que é o que todos buscamos.

Num primeiro momento essa idéia me parece obvia, queremos estar perto, rodeados e com acesso fácil a pessoas que julgamos bonitas. É uma forma de nos sentirmos como tal e de termos oportunidades de jogarmos na cama alguém que quando olhamos pensamos “CARALHO, TO PEGANDO ESSE CARA”.

Mas essas minhas andanças pelo país, passando um dia da semana em cada estado tem me feito questionar se estar nesses lugares é realmente bom.

Quando estou numa festa cheia de gente que me atrai, me desperta desejo, eu constantemente volto pra casa sozinho. A grande oferta de corpos e rostos perfeitos me confunde. Eu sempre fico achando que aquele que está me olhando, ou aquele que se configurou numa oportunidade neste minuto, pode não ser a melhor opção, porque tem outro mas bonito olhando do outro lado.

Vira-e-Mexe (Ui!) me vejo beijando um pensando “Eu preferia aquele outro”, ou quando finalmente rola “approach” com alguém interessante, tenho que dispensar pra não perder o clima com outro tão, ou mais, interessante.

Já quando acontece de eu ir a algum evento em que falta homem de tamanha perfeição em quantidade tão generosa, comumente invoco com um e estudo os movimentos da presa até ter a oportunidade de atacar. Nestes casos, costumo me deliciar com a “carne”, saciando a fome noite a fora.

Diferentemente dos casos em que fico pulando de “galho-em-galho” (pau-em-pau nesse caso seria mais propício) que difícilmente a coisa passa dos beijos, quando num ambiente de pouca oferta o sentimento de “peguei o melhor”e “estou bem servido” se aflora e as noites são incríveis.

Supervalorização do corpo? Problemas de auto-estima? Falta de vergonha na cara? Ou Safadeza pura mesmo?

Por enquanto fico assim... rodando pelas faces da minha vida, de cidade em cidade, vivendo as oportunidades que a vida me apresenta.

É só comigo?

Não sei... só sei que foi assim.

Good Vibes!!!

RP

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bora pra cama???

Meu melhor amigo é o meu amor??? Não, meu “Body Fucker”.

Já vi muitas mulheres no trabalho e na vida pessoal reclamarem do ciúme dos maridos com os amigOs delas.

Para os homens parece impossível separar amizade e sexo, principalmente porque na maioria das vezes que eles se disseram AMIGOS de alguém, tratava-se de um colega de futebol que ele nunca pensou em fazer sexo, ou de garota que eles queriam levar pra cama.

Para o homem gay a questão amizade x sexo é ainda mais complicada. Principalmente se ele conhecer um homem interessante que é seu colega de futebol - com todo o fetiche do uniforme, suor e vestiário - certamente ele vai fantasiar o momento de jogar essa pessoa na cama.

Podemos ser amigos e fazer sexo sem envolvimento?

Essa pergunta já deve ter passado pelas cabeças (as duas) da maioria dos leitores aqui, e a resposta deve ter sido logo um “sim” na esperança de justificar os pensamentos libidinosos.

No entanto, na sequência veio a preocupação em como será o amanhã.

Responda quem souber, pois eu não sei.

Já tive amigos que sumiram, mas posso afirmar que alguns dos meus melhores amigos hoje já estiveram comigo “sob os lençóis”.

O que determina o resultado do ato? A maturidade, o nível de envolvimento, a clareza da situação, o sentimento de um pelo outro ou as atitudes no dia seguinte?

Quem nunca usou a afirmação “somos amigos” para dispensar alguém?

Sempre que uso a desculpa fico com medo de ouvir de volta “Claro, você só transa com desconhecidos ou inimigos, mas não vai pra cama com alguém – supostamente interessante já que a amizade é sua única razão para o NÃO – que se importa com você, conhece seus anseios, desejos, preferências e como te agradar”.

Eu ficaria sem resposta, pois cada vez sinto vontade de CONHECER as pessoas antes do ato (o que nem sempre acontece – confesso).

No fundo o conhecer demais uma pessoa pode causar encantamento ou repulsa sexual. Entregar-se a alguém que faz parte do seu dia-a-dia pode expor sua vulnerabilidade e sua intimidade, que para alguns pode parecer fraqueza. Envolver-se com um amigo pode ser o começo de uma historia maravilhosa ou de dias de solidão e problemas.

Perder um amigo é preocupar-se em fazer novos, reorganizar sua agenda e as discagens rápidas do seu celular.

Apaixonar-se por um amigo e ter certeza que está encantado por algo REAL e não por uma IMAGEM.

“Bora”pra cama?

RP

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sem Critério...

Quais são os critérios adotados pelas pessoas na decisão sobre quais os homens que ocuparão suas “camas”?

O ditado “em terra de cego caolho é rei” é válido nesses casos?

Numa comparação desnecessária podemos afirmar que um homem gay pensa em sexo e tem sua sexualidade influenciando no seu dia a dia muito mais do que no homem heterossexual.

Sendo assim, q uando o assunto é a DECISÃO “SIM” ou “NÃO” e não o que acham bonito ou feio, quais são os fatos e pensamentos que determinam uma resposta em detrimento da outra?

O lugar onde estamos e o nível de beleza da maioria das pessoas presentes fazem com que nossos critérios mudem?

Nas cidades pequenas dificilmente encontro pessoas dentro que eu chamo de padrão de busca. Gosto de volume muscular, idade mediana, gente bem resolvida e estabilizada. Normalmente essas pessoas mudam-se das cidades menores assim que tem oportunidade. Por isso, quando penso na maioria das pessoas que eu transei em SmallVille, por exemplo, percebo que eu nem olharia para elas se o momento no qual nos encontramos tivesse sido numa festa com as pessoas que costumo “andar” pelas capitais a fora.

Elas provavelmente não acabaram a noite fazendo sexo comigo.

Não desmereço o poder de uma tarde chuvosa de domingo depois de um fim de semana sem sexo, pois nesses momentos já acabei na cama de umas que torço para que outras jamais saibam.

Algumas vezes as pessoas decidem ser fáceis e perdem as contas da quantidade de pessoas que beijaram na boca. Em outras vezes, essas mesmas pessoas dispensam momentos “afetivos”com as mais cobiçadas do lugar pois buscam naquele momento outra coisa.

Pode uma pessoa ser interessante para “esta” ocasião ou lugar, mas não interessante para “aquela”?

Não tem “TU”, vai “tu”mesmo!!!!

Existe um critério, algo que se busque para a vida? Ou eles – os critérios e a busca – mudam de acordo com o humor do dia e o tesão acumulado?

No meu caso, existem os critérios para o que eu quero da vida, mas eles pouco influenciam nos critérios de quando o que quero da vida é gozar imediatamente.

Coisa de homem ou coisa de gay?

Pensamento normal ou atitude promíscua?

Sendo assim, não seria o par ideal uma combinação do que a pessoa é com a situação que ela vive “versus” a situação em que ela está naquele momento?

Se o ambiente muda todo o cenário da conquista e do envolvimento, podemos – portanto – definir a pessoa ideal adequando o ambiente de modo que ela se torne o “caolho” na terra dos cegos (caso já não “enxergue perfeitamente”)?

Estaria o poder em nossas mãos?

Afinal, é preciso decidir?

Como é para você? O que determinam os seus critérios? Eles são sempre os mesmos ou variam de acordo com o termômetro da sua vontade de fazer sexo?

Resolvi deixar a vida rolar nessa aventura de descobertas, nuances e momentos.

Pelo menos enquanto me sentir feliz assim.

Be Happy!!!

RP

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Todo mundo gosta de mim...

Esta semana foi ao ar uma entrevista que eu dei a um blogueiro que eu gosto muito.
Papo agradável e assuntos variados...

Ouçam! Espero que Gostem tanto quanto eu.

http://yag-nacontramao.blogspot.com/2009/10/nas-garras-do-gato-rp.html

Valeu Gato;

RP
rpblog@hotmail.com

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um, Dois e Três.

Longe de casa...
... há mais de uma semana.
Milhas e milhas distante...
... da minha realidade, dos meus problemas e das pessoas que me avaliam e me julgam todos os dias na vida cotidiana.
Era minha primeira viagem a passeio depois de um período complicado de busca por emprego e recuperação da lesão no tornozelo.
Eu estava revendo amigos, conhecendo novas lugares e pessoas, feliz com meu novo trabalho e tudo que vinha acontecendo.
A noite havia sido perfeita... música, luzes e clima agradável. A festa rolou ao ar livre, onde os corpos torneados iluminavam-se hora pelas luzes coloridas do ambiente, hora pela lua. Durante a noite eu dancei, ri, conversei, dancei mais um pouco, perdi o controle de algumas faculdades mentais, dancei mais ainda mais, beijei, abracei, apertei, dancei denovo com amigos, andei, bebi, ri, beijei denovo – desta vez um novo corpo, ainda maior e mais desenhado... e sem enjoar repeti tudo denovo.
O sol começava a dar sinais do início de um novo dia na capital do meu país enquanto eu, já protegido pelas lentes de um óculos escuro desde parte da noite, mantinha as camisetas nas mãos e dançava como se estivesse sozinho, como se ninguém alí estivesse me vendo.
Dia claro e era hora de ir embora, meu amigo (que me hospedava) já estava parado, cansado, apenas esperando a minha hora de ir embora, me deixando curtir aqueles minuitos sem me interromper.
Quando enfim senti que era meu momento de ir embora, procurei meu amigo, que neste momento conversava com um conterrâneo à beira da pista. Rapaz sem camisa, jeans baixo muito bem preenchido, principalmente quando “ia”. Me aproximei e disse “podemos ir”. Meu amigo disse: “Ele vai com a gente, tudo bem?”.
Respondi que sim, afinal, um passeio pela cidade ao amanhecer para levar o rapaz em casa não seria um problema pra mim.
Mas os planos eram outros: Ele iria com a gente para a casa onde eu estava hospedado. No caminho mãos começaram a passear pelo meu corpo e do meu amigo. O rapaz queria os dois. O (s) contato (s) físico (s) durante a festa me deixou (aram) aceso e a situação me excitava.
Já em casa, na cama, entre braços, pernas, abdomens e saliva me perdi. Três corpos já cansados de uma noite de “badalação” reuniam forças pra satisfazerem-se de forma libidinosa.
Entregues ao sexo completamente, eu e meu amigo usávamos o ”terceiro travesseiro” para fazer aquilo que entre nós já não cabia mais. A terceira parte gostava disso e queria mais. Pedia mais.
Adormecemos os três na mesma cama, com as luzes do meio dia já iluminando toda a casa.

Respirações e corpos nús se misturavam sob os lençois sem nenhuma ordem lógica.

Nove entre dez gays têm, tiveram ou terão desejo de realizar a fantasia do sexo a 3 com namorado, com amigos ou com desconhecidos.
Seja como for, afinal cada um sabe o que é melhor pra si, o desejo de se entregar ao sexo numa fusão de corpos é latente.

Perder completamente o controle?
Testar os limites até a exaustão?


Eramos 3 pessoas totalmente sem envolvimento afetivo, reunidos apenas por um motivo: PRAZER!
Quando acordamos tomamos café da manhã, deixamos o rapaz em casa e fomos fazer os últimos passeios turísticos que me faltavam antes do vôo que me traria de volta ao estado de São Paulo, como se nada tivesse acontecido.

Ora, se esse é um desejo latente dos gays, como as pessoas que vivem em cidades pequenas podem realizá-lo sem que o ato lhes traga grandes consequencias sociais? Maturidade, discrição ou abstinência?

Viajar é preciso!

RP
rpblog@hotmail.com

domingo, 23 de agosto de 2009

To be or not to be... a Boyfriend?


A mudança pra SmallerVille mexeu com várias bases da minha vida.
Longe da família, casa nova, gente nova, trabalho novo, longe dos amigos... vida nova.
Por vezes me sinto só, sinto falta da sensação de saber que tem mais alguém na casa, mesmo que eu esteja trancado no meu quarto.

Sinto falta de barulho, som.

Enquanto no trabalho a concentração nos desafios me toma, me abstém do mundo. Várias vezes só percebi que estava sozinho e ainda trabalhando quando olhei no relógio que já marcava 21h. Adoro isso!
No entanto, chegar em casa, cozinhar só pra mim (adoro cozinhar), sentar à mesa ou ver TV sozinho é bem chato.

Foi num dia entediante desses que conheci pela internet alguém que me faria cia.
Seriam algumas horas de sexo e só, ele tinha compromisso logo mais a noite. Isso me bastava para aquele final de tarde de sábado.

Nome bíblico, moreno, olhos verdes, barba por fazer, altura por volta dos 1,75 e cerca de uns 82 kg de músculos (muito músculo). Insaciável na cama, e muito safado. Perfeito para o objetivo do encontro.

Uma verdadeira disputa para ver quem desistia (ou gozava) antes se sucedeu num perfeito encontro de preferências. Braços, pernas, troncos, membros e línguas se entrelaçaram das mais variadas formas, até que a perda de controle mútua acabou com a sacanagem, quando percebemos que já era noite, e tarde da noite.
A química foi grande, e no primeiro encontro (que deveria ser o único) os minutos pós-coito foram de carinho e carícias ao som das respirações, ainda ofegantes.
O “silêncio” foi quebrado pelo toque do celular dele, com os amigos avisando que estavam chegando para pegá-lo. A princípio ele disse que atrasaria alguns minutos para chegar no ponto combinado, mas resolveu ficar... e o que era para ser um encontro de algumas horas, se tornou um encontro de um fim de semana inteiro.

Alguns fins de semana juntos vieram (e alguns dias de semana também). Ligações, emails, mensagens.
Tudo partindo dele, sempre. Afinal, meus planos de me manter solteiro mantinham-se.
Ainda me causa estranheza tanta empolgação em tão pouco tempo, os acontecimentos dos relacionamentos anteriores me travam, e palavras de “carinho” e “adoração” para alguém que se conhece a poucos dias me assustam.

Ele é intenso, dedicado, determinado.
Eu estou quieto, analítico, racional.

O tempo vem passando rápido e tenho me pegado pensando nele, sentindo falta do espaço da cama ocupado. Flagrei meu pensamento no supermercado em comprar algo para comer a dois (vinho, fondue, sorvete de Chocolate Belga...) e outras coisas que ele poderia gostar.
Ainda penso nas viagens que pretendo fazer a passeio com os amigos (ano novo, carnaval...), ainda penso nas pessoas que eu pretendo ter, ainda penso em organizar minha vida de vez e voltar a sair sem dar satisfações a ninguém.

Carência ou um começo de “bem-te-quero”? Não sei.
Fuga de relacionamentos? Sim.
Carência? Tenho.
Conveniência? Também.


Sinto que estou entrando para o grupo que compõe as estatísticas de gays que têm medo, não querem (racional) ou não acreditam em relacionamentos. Aqueles que querem alguém, mas as possibilidades da vida de solteiro e o sexo falam alto.

Egoismo? Sem vergonhice? Tendência? Natural?

Vou passar algumas semanas viajando a trabalho e não posso dizer que não penso em sair, em conhecer gente, em fazer sexo “multicultural”, mas é bem legal ter para quem voltar.

Por enquanto, disso tudo, as únicas coisas que viraram ações foram meus retornos às ligações, minhas mensagens, meus emails e minhas compras feitas para NÓS!
Mas o pensamento em curtir a vida de solteiro se faz presente.

Pensamento é tão feio quanto ação?

To be, or not to be a boyfriend? That's the question!

RP

domingo, 9 de agosto de 2009

Be a Dad!!!


Eu morava em uma cidade diferente dos meus pais. Trabalhava e Fazia faculdade fora. Passei por momentos bem difíceis e minha relação com meu pai já não ia bem porque eu me recusava a trabalhar na empresa dele e morar com eles.
Vim para casa do meu pai apenas para passar um fim de semana e escrevi um texto para um blog que eu tinha na época. Dissertei no Word, copiei para o blog, publiquei, limpei histórico do computador e continuei na internet. Houve uma queda de energia e eu fui dormir.
No outro dia, acordei cedo e voltei para minha casa. Meu pai acordou horas mais tarde e foi para o computador. Ao abrir o Word, o software recuperou o texto até a frase que dizia:

“Que fase difícil passei... 20 anos, fora de casa, longe da família, lutando por grana, me aceitando bissexual e tentando ser feliz”.

Meus pais enlouqueceram e me ligaram pedindo que voltasse imediatamente pra casa deles que precisávamos conversar. Ainda argumentei que já estava no trabalho quando meu pai respondeu que se eu não viesse ele iria me “pegar” dentro da empresa.
Nesse momento eu soube que eles haviam descoberto.
Cheguei na casa dos meus pais e os dois estavam sentados na sala de visitas, minha irmã estava trancada no quarto e os nenhum dos empregados estavam dentro de casa. Sentei no sofá, coloquei os pés sobre a mesa de vidro que havia a frente e meu pai perguntou: “Você é homossexual?”, com todas as letras.

Eu respondi: “Durante toda a vida que vivi até agora eu lutei para mudar algumas coisas em mim e não consegui. Hoje eu aprendi a lidar com essas coisas e agüento as ‘porradas’ que o mundo me dá por ser de determinada forma. Mas eu percebi que a minha luta era principalmente porque eu não sei se sou forte o suficiente para agüentar ver vocês tomarem as ‘porradas’ que vocês vão tomar agora que vocês sabem”.

Minha mãe saiu correndo chorando, meu pai chutou a mesa de vidro, que se espatifou, e começou a gritar.
Ele dizia que não me deixaria voltar para minha casa, que iria me curar, que eu iria pra igreja com eles. Começou a dizer que filho dele não ia “dar o cú” por aí, que eu não pensava neles, que eu estava os fazendo sofrer, que eu deveria enfrentar isso para fazer-los felizes, mesmo que isso me fizesse sofrer. Dizia que preferia que eu tivesse matado alguém, fosse um drogado ou bandido, pois com essas coisas eles saberiam lidar, mas com “viadagem” eles não sabiam o que fazer.
Minha mãe voltou à sala com a bíblia e começou a gritar partes que falavam sobre homossexualidade.
Meu pai chorava e me olhava com raiva. Dizia que eu era o maior desgosto da vida dele, que me salvava ou me matava, que isso era uma doença e outras coisas mais.
Tentei, obviamente sem sucesso, argumentar, protegido pelo fato de ter a minha casa e meu trabalho, mas meu pai começou a dizer que eu não sairia daquela casa, que não voltaria ao trabalho nem a faculdade, que a partir de agora viveria sob constante observação.
No mesmo minuto me levantei e disse que iria embora. Meu pai se pôs a frente da rampa de acesso que sobrepunha o jardim da casa, do portão a entrada principal, e disse: “você só sai daqui se passar por cima de mim”. Eu passei.
Com dois passos para trás e um impulso m direção ao muro da frente, derrubei meu pai no jardim. Bati um pé no muro e o outro na cerca elétrica e caí na calçada, já do lado de fora.
Enquanto o portão da garagem se abria com o alarme ecoando pelo bairro, eu corria pela rua, com meu pai correndo atrás de mim, chorando e gritando que só desistiria de me “curar” quando ele morresse.
Minha mãe, que nunca dirigiu, o alcançou com o carro e vieram atrás de mim. Eu fazia um ziqgue-zague entre as ruas do bairro, com os vizinhos todos olhando assustados para aquela família que mal se via, sempre trancada por traz dos muros no alto do bairro.
Meu pai dizia que eu morreria sozinho, que perderia meus amigos, que a família me excluiria, que eles seriam motivos de chacota, que eu me drogaria e morreria de AIDS.
Dizia que não teria emprego, viveria em becos, escondido, e que iria para o inferno viver a eternidade.
Muitas brigas se seguiram naquela noite, no meio da rua, no carro, em casa.
Todas as chaves e controles dos portões foram entregues aos seguranças e motoristas da casa, que teriam a missão de não me deixar sair mais, a menos que acompanhado dele.
Eu não poderia voltar a minha casa, ao meu trabalho, a minha vida, a menos que prometesse ser diferente. Prometesse “voltar a ser” heterossexual.
Prometi, e voltei para casa disposto a nunca mais falar com meu pai.
Dois dias depois, era meu aniversário, eles apareceram a minha porta. Achei que eles tivessem aceitado, e tivemos um dia ótimo, sem tocar no assunto.
Na hora de ir embora, eu estava a porta de casa quando minha mãe perguntou se eu ainda falava com “aquela gente” (meus amigos gays). Percebi que eles não haviam entendido nada e bati a porta na cara deles.
Ficamos muito tempo sem nos falarmos, mas aos poucos a reaproximação foi acontecendo. Tempos ainda mais difíceis.
Minha mãe sempre foi meu chão, minha base, meu ombro, meu apoio, o vento sob as minhas asas. No entanto, minha consciência tem a voz do meu pai. Ele sempre foi o exemplo, o julgamento, a força, a razão. Os músculos que me permitem voar.
Viver longe dele doía.
Voltas e voltas o mundo deu e eu voltei morar com eles, com o único e exclusivo objetivo de fazer com que meu pai visse que ele estava errado, que eu era um bom homem.
Tempos terríveis de convivência. Cutucões, piadinhas e indiretas constantes do café da manhã ao jantar.
Um ano depois eu cansei. Eu explodi. Eu falei tudo que devia - e o que não devia - e resolvi sair de casa.
Sai do trabalho disposto a não voltar para casa quando meu pai me ligou e pediu para que eu fosse pra casa. Tudo me dizia que eu seria IDIOTA se voltasse, mas eu fui.
Cheguei em casa, meu pai me abraçou chorando e disse que me amava, que não brigaríamos mais e que queria ser meu amigo.

Depois daquele dia meu pai nunca mais fez uma piadinha, e recriminou veementemente aqueles que o fizeram dentro de sua casa. Nunca mais me fez inquisições sobre onde eu iria ou com quem eu iria. Suas perguntam sobre minha vida pessoal se limitaram a “você está feliz?”.
Nossa relação começou a mudar. Meu pai nunca me pediu desculpas e ainda hoje sinto dificuldades em demonstrar amor e carinho a ele, pois lembro das coisas que ouvi. Muitos Natais e Festas de Ano-Novo se passaram me fazendo escolher entre estar com meu namorado ou minha família.
No entanto, minha consciência continua tendo a voz dele, ele continua sendo meu exemplo, minha força, minha razão, meus músculos.
Hoje falamos de trabalho, de dinheiro, de carros, de viagens, da minha sobrinha e de família.
Apoiamo-nos, nos admiramos, nos guiamos, e passamos natal e ano novo juntos, estando eu solteiro ou namorando.
Penso no meu pai e vejo o homem que me ensinou a andar de bicicleta sem rodinhas, tentando novamente, mesmo todo ralado dos tombos no asfalto e os protestos de minha mãe. Subir nas árvores mais altas, mesmo com o braço fraturado da última queda. Correr no fogo, mesmo com a cicatriz da última queimadura. Trabalhar duro, mesmo com um salário baixo. Fazer melhor, mesmo sendo elogiado por ter feito direito. Querer mais, mesmo tendo tudo. E erguer a cabeça, ter orgulho do que sou, mesmo sendo gay.
Meu pai me ensinou que ninguém é melhor do que eu, mas que eu também não sou melhor que ninguém. Mostrou que se faz tudo em nome da família, que casamento deve ser respeitado e deve ter “status” de namoro para sempre. Ensinou que só se ganha dinheiro vendendo IDEIAS, que o mundo é MAL, mas que viver é BOM DEMAIS!!!

Eu não admito viver em becos, não admito ser diminuído, não admito ser maltratado, não admito brincadeiras com meus sentimentos e minha saúde, e não admito ter que me esconder por conta de qualquer característica sexual minha.
Não fui criado para isso, não fui ensinado a permitir isso.

“Aprendi com a dor, nada mais é o amor que o encontro das águas”.

Minha força tem um nome, e é o nome do meu pai.

RP

terça-feira, 21 de julho de 2009

Bissexualidade Existe?


Um professor de psicologia na faculdade nos dizia que todos os nossos bisnetos (tenho 26 anos) serão Bissexuais. Isso sempre me fez pensar: "SERÁ???"

Eu já disse aqui que acredito que o homem instintivamente é um animal bissexual, que se fossemos soltos num lugar sem influências culturais e religiosas desde que nascemos, uma nova cultura nasceria e nessa não seríamos heterossexuais.

No entanto, pensando na cultura vivemos hoje, pergunto: "Bissexualidade existe"?

Quando alguém se aceita e se diz bissexual, acaba sofrendo pressão para escolher ser hetero ou gay. A sociedade ainda não sabe viver sem rótulos e se assusta com o "indefinido".

Gostar de meninos é meninas é indefinição?

É verdade que eu raramente encontrei bissexuais que não tivessem uma predileção ao sexo homossexual. Dessa forma, é compreensível que se crie uma tendência acreditar que a bissexualidade é muito mais uma questão de aceitação (ou falta dê) do que orientação sexual.
Ser bissexual, para algumas pessoas, é apenas uma forma de poder ficar com pessoas do mesmo sexo e não ser rotulado de gay. Já para outras é uma questão de desprender-se (momentaneamente) dos rótulos e fazer simplesmente o que lhe da prazer.

Se a busca por prazer é cada vez mais aceita como normal, bissexualidade vira moda por preferência ou pressão social?

Bisnetos? Eu diria filhos (se os tivesse).

RP

sábado, 27 de junho de 2009

Normal?!?!?! Vai pro diabo que te carregue!!!

Que o homem é um animal com tremenda capacidade de adaptação parece ser fato, mas é triste que isso valha até para coisas que talvez não devêssemos nunca nos acomodar. Algumas são tão pequenas que as pessoas não notamos onde aquilo vai parar, outras tão absurdamente grandes, cumpridas, que desistimos de ir até o final, pois o emaranhando de situações erradas ultrapassou nossa paciência.

>>>>
Passeando pelos blogs alheios, me deparei com um - indicado pela Denise - que era ilustrado por um rolo de “papel” higiênico de metal com ranhuras (como se fosse um ralador de queijo). Numa rápida passagem pelos textos pude ver que se tratava de um bom escritor, com alguns temas interessantes, mas o que me chamou a atenção foi um post chamado “depois daquele beijo”.

Dizia assim:
“... Só que na hora da despedida, nem me liguei e mandei "Um Beijão!" para o cara.No dia seguinte, recebo um email do dito cujo, agradecendo a forma "afetuosa" com que eu me dirigi à ele. E mais, que sabia que a minha sensibilidade estava acima de eventuais preconceitos e blá, blá, blá, e se despediu mandando uma "bicota".Levei na brincadeira, e para não ficar nenhum mal entendido, expliquei à ele o meu engano, e pedi desculpas.Pois a figura me manda outro email, dizendo para que eu não ficasse com vergonha, pois existem enganos propositais. Para completar, o sacana disse que ia me adicionar no coração dele, e pediu para que eu fizesse o mesmo. Tudo isso com emoticons de coraçõezinhos.Não tenho o menor preconceito contra ninguém. Cada um dá o que é seu. Vai ver, eu é que sou muito antigo e não estou acostumado com esse tipo de cantada “boiolística” (palavra essa que o autor excluiu depois).Definitivamente, eu morro e não vejo tudo na vida!”

O post foi seguido de comentários como:

“Tou rindo demais com a "Bitoca" do rapaz alegre! Será que escolheu justo esta palavra só porque ela rima com "pipoca" - leia-se "r" no lugar de "p", é claro !! ( não quis chocar os transeuntes do seu Blog !! rss)Mande um rolo do seu "macio papel higiênico" em retribuição à gentileza do moço ... rs Acho que ela vai gostar do "arranhadinho" !! rss ( tou atacada, deve ser o sono ! rs)Uma bitoquinha procê, e aceito a contra-dança sim !! rs”

“Putz ... receber cantada boiolistica é realmente trite... kkkkkkkkkkkkkkk.”

E por aí vai...
O autor também recebeu inúmeros comentários revoltados com a forma com que ele descreveu o ocorrido, inclusive o meu que dizia “Mais triste do que seu post, são os comentários sobre ele” e os “moderou”, conforme conta numa postagem posterior onde diz:

“Em momento algum, citei nomes ou sites (até porque era Anônimo), não fiz nenhuma crítica homofóbica, nem expus ninguém ao ridículo.” e “Faço sim, algumas brincadeiras com quem as divide comigo. Basta ler os comentários que recebo, e confesso "amo muito tudo isso!".”

A resposta do cidadão ao email do autor e todos os “coraçõezinhos” foram maneiras hostis de se colocar ou uma forma amigável e “carinhosa” de se desculpar?

Será que o preconceito já está nas entranhas das pessoas de maneira tal que se torna invisível ou ele é tão inexistente que vira piada?


Não sei pra vocês, mas para mim... a GRAÇA ACABOU!!!

>>>>
Num sábado bem cedo, assitindo FUTURA!, o programa "Saúde Brasil" falava sobre o HIV no Brasil. O folhetim falava bastante sobre o preconceito para com os portadores.
Algumas pessoas entrevistadas diziam que tiveram relacionamentos que acabaram ou nem começaram por medo das pessoas de se relacionar com um positHIVo.

Você pretende transar sem preservativo com alguém? Então qual a diferença se ele é portador do vírus ou não?

Se você pretende transar sem camisinha com alguém, você está exposto ao risco. Se você está exposto ao risco, como pode ter preconceito?

Quantas pessoas você já transou sem saber se eram portadoras do vírus ou não (alguns sem saber sequer o nome certo)? Por que o saber mudaria sua relação com a pessoa, já que você sempre usa preservativo?

Pesquisei sobre o assunto e vi uma comunidade no orkut com a seguinte descrição:
"...Mas, eu lhes pergunto: por que as pessoas com aids se escondem? De que tem vergonha?O que fizeram de errado? Eu sei a resposta: como todas as pessoas, ELAS APENAS NÃO ACREDITARAM QUE ERAM VULNERÁVEIS AO VÍRUS!!! Portanto, não vejo motivo para se esconderem...Sexuados, todos somos. E a maior parte da população sexualmente ativa não usa preservativos. Portanto, não há motivo para os infectados pelo HIV se esconderem...CHEGA DE EXCLUSÃO! CHEGA DE ISOLAMENTO! CHEGA DE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO! TER HIV NÃO É VERGONHA!!!"

Eu digo: Latex nele!!! Sempre!!!

>>>>
O diário do Comercio é o responsável pelo lançamento e manutenção do MUCO, o Museu da Corrupção no Brasil.
É triste ter tanto acervo, mas a iniciativa é boa pra fazer a população lembrar do que fez (sim, se elegemos a culpa é nossa).

Absolutamente normal, certo?

Acesse em: http://www.dcomercio.com.br/especiais/2009/museu/index.htm
Atenção especial para a sala “Em exibição”.

>>>>
Eu já tinha prometido que não sairia com mais ninguém de SmallVille, mas a teimosia e a necessidade falaram mais alto.
Noite de sábado, vinho, sexo no capô do carro (adoro), seguido da pergunta:

“Com quantos caras você já transou?”

Isso é pergunta que se faça? Vamos embora!

_________ It's My Life:
- Desculpem o sumisso!
- Perspecitivas muito fortes de trabalho novo e mudança pra outra SmallVille estão tomando meus pensamentos e tempo.
- Troca de ligações com o cara de mkt do post anterior mode: ON!
- Bloqueio pra colocar as idéias em texto mode: Off!
- Voltei a treinar pesado. Dói: ombro, peito, bíceps, tríceps, trapézio, costas e abdome.
- O tornozelo ainda dói, mas eu já to andando e dirigindo, mas nada de treino para inferiores, por enquanto, pra não forçar.

* Feeling: Hope.
* Listening: Halo - Beyoncé (Edson Pride & Enrry Mix)
* Movie recomandation: "Breakfast with Scot" - http://www.megaupload.com/?d=FTPHU33H (Adorooooo!!!!)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Código de Ética

Para quem mora em cidades pequenas, não é nenhuma novidade se envolver com pessoas de outras cidades. Eu mesmo só tive um namorado que morava na mesma cidade que eu, e não durou muito.

Pouca demanda ou medo da exposição?

Esses eventos como a Parada Gay que reúnem gente do mundo todo só complicam tudo.

Um pouco depois do carnaval, conheci pela internet um cara que era exatamente o tipo que eu mais gosto: 32 anos, branquinho, cabelos pretos, olhos verdes, lindo, todo malhado, carinhoso, bom papo, sotaque mineiro, preferências sexuais que me agradam e tão tarado quanto eu.
Depois de algum tempo de muito papo, resolvi ir visitá-lo em MG. Fui para ficar um fim de semana, acabei ficando uma semana a pedido dele (que eu prontamente aceitei feliz). Foi uma semana INCRÍVEL, eu me senti MUITO bem, e mais uma vez comecei pensar em deixar a vida de solteiro. Mais incrível ainda foi quando ele começou a tocar no assunto e (mesmo que brincando) “me pediu em casamento”.
Como tinha acabado de sair do trabalho e a combinação [distância x pouca grana] não combinam, respondi a ele que se um dia as circunstâncias fossem mais favoráveis (ambos temos planos de mudar pra São Paulo ainda este ano), e a vontade ainda existisse, voltaríamos a falar do assunto, mas enquanto isso iríamos nos ver conforme desse.
Como ele estuda em São Paulo um fim de semana por mês, logo chegou o dia dele vir e eu o convidei para ficarmos na casa do meu melhor amigo para que eles se conhecessem. Ficamos hospedados lá e no final das contas ele e o namorado do meu amigo se deram muito bem, já os dois... nem tanto. Mas para mim o fim de semana foi legal, por estar com ele.
Continuamos conversando pelo MSN, ainda com muito carinho, mas sem compromisso e cada vez menos papo.
Na quarta feira antes da Parada Gay de São Paulo, perguntei se ele viria para as festas e ele disse que queria muito, mas que ainda não sabia e que se viesse seria no sábado. Eu mesmo disse pra ele fazer um esforço, ir para as festas, beijar muito e voltar solteiro, mas ele disse que ao que tudo indicava não viria mesmo.
Na sexta feira descobri que ele já estava na capital desde quarta, estava indo nas festas e havia pedido com todas as letras para que ele (o ex do meu amigo) NÃO me contasse que estava na cidade.
Por quê? Gostaria de saber.
Fui com meu amigo (M.) na Pool de sábado, e ele foi com o novo amigo dele (o ex de M.).
Que situação chata. Como fiquei triste, sem saber como agir quando o vi. Queria beijar e bater nele ao mesmo tempo. Não sabia se o tratava como meu “possível-futuro-namorado” de quem eu gostava, simplesmente como amigo ou simplesmente o ignorava depois de uma mentira tão desnecessária.
Tratei-o como amigo, fui beber, dançar, beijar e curtir meus amigos e a festa até cruzar com ele novamente num momento que eu já estava meio bêbado. Rolou um beijo desajustado e uma situação ridícula em que tropecei num degrau da pista e saí esbarrando no povo ao redor, enquanto ele continuava na roda com os amigos.
Que situação!!!
No final das contas, fica uma total insegurança sobre o que fazer. Gosto dele, acho que ele seria um bom amigo, sei que é uma relação “amorosa” impossível agora e por isso ele não me deve satisfações, mas mentiras (se isso tudo for verdade)... dói!
De qualquer maneira, foi a melhor forma de por as coisas no lugar. O resto o tempo dirá.

Relacionamento à distância ou distância nos relacionamentos?
_________
Eu tinha decidido que não iria a nenhuma das festas da parada. Minha tentativa de ficar fora da putaria, 1 mês sem malhar por conta do pé (estou me sentindo um frango) e falta de grana diziam que era a melhor coisa a fazer, mas o fato de não ir na festa de sábado ainda me incomodava.
O fato de M. (meu melhor amigo) estar solteiro e ir sozinho pra festa foi uma ótima desculpa pra eu resolver ir, mas também tinha outros motivos como a vontade de sair de casa depois de 2 meses, ver outro amigo que têm se mostrado AMIGO MESMO (B.), possibilidade de encontrar algumas pessoas que eu não via há muito tempo e outras que eu queria conhecer (relato abaixo), o “financiamento-amigo” e a possibilidade de encontrar com o “dito-cujo” (relato acima).
No meio da festa, entre tanta gente, muito álcool e letras do alfabeto, me perdi de M., e quando a consciência me permitiu procurá-lo, meu tornozelo (entorse grau II há poucos dias) doía muito e o frio me petrificava. Não consegui encontrá-lo mesmo tentando de verdade. Já alta madrugada sentei perto da saída na tentativa de vê-lo passando para ir embora, mas também não aconteceu. Um outro amigo me levou pra casa pois eu já estava quase em estado de hipotermia (mesmo com a tentativa de alguns perdidos por ali passavam de me aquecer).

Meu celular ficou no carro de ooooutro amigo, e eu estou sem agenda e não consigo ligar pra M. que também não responde meus emails.

Ressaca moral da minha parte?
Como concerto isso?
Tem alguma coisa pra concertar?
Fiz algo de errado?
__________
Há algum tempo vi numa comunidade de marketing um cara divulgando uma vaga na empresa que ele trabalha. O cara era lindo, mas eu entrei em contato por causa do trabalho e nossas conversas se desenvolveram nesse sentido todo o tempo. O Orkut entrega muito e claro que ambos desconfiamos da homossexualidade do outro. As conversas continuaram sendo de tom profissional, mas aos poucos, MUITO sutilmente foram aparecendo algumas frases que poderia levar a entender que rolava interesse: “Bom fim de semana”, “Como estão as coisas por aí?”, “Machucou? Quem está cuidando de você”, “Marcamos um café qualquer dia desses” e enfim apelidos como “bunitão”, “lindão” ou “diminutivos do nome” de cada um.
Sempre com muito cuidado para não cruzar um linha tênue que achávamos que existia.
A mim, durante as conversas, só passava o pensamento: “Além de LINDOOOOO ele é muito fofo, gente boa demais. Mas... SERÁ que eu estou entendendo certo ou estou viajando?”
Consultei nosso amigo Dr. Cohen que diagnosticou: “Ele quer seu corpo tanto quanto você quer o dele”.

Ele eu não sei, mas a gentileza dele durante todo o tempo (sem contar os atributos físicos) me deixavam bastante interessado.

Chegando na festa de sábado, em menos de 5min, cruzei com ele no meio da pista, já descamisado, dançando, ainda mais lindo e mais gostoso do que eu imaginava. Não deu tempo nem de fazer os cumprimentos direito e já estávamos nos beijando.
E QUE BEIJO BOM!!!!

Essas coisas desses eventos grandes assim são interessantes, não é?

Pelo menos pra mim rola uma certa insegurança sobre como agir. Gostei tanto de encontrar ele (algo me dizia que isso ia acontecer, e eu queria que acontecesse), mas depois que encontrei ficou aquela dúvida: "fico aqui com ele correndo risco de ser inconveniente, chato e grudento ou saio andar deixando ele curtir a festa dele e depois nos falamos?". Faz parte.
Por mim ficava com ele a noite Inteira, mas escolhi a segunda opção. Achei mais conveniente para a ocasião.
Claro que o vi beijando outras pessoas durante a festa (fiz o mesmo – algumas vezes), mas realmente espero poder continuar a “conversa” que começamos na festa.

Novos rumos?
__________
Voltei de carona com um amigo. No banco de tras do carro comigo um cidadão que eu não conhecia (e não consigo lembrar com muitos detalhes) tentando me beijar, falando obcenidades no meu ouvido e tentando pegar no meu p... e fazendo comentários sobre "the size" com os outros amigos. Os outros dois que estavam no carro já me conhecem muito bem e há muito tempo, os comentários sobre "ele" não eram novidade para eles e eu estava "lezado" demais pra fazer qualquer coisa a não ser virar o rosto e não beijar ngm (mais ninguém).

Fui usado?

Pode ser.

Mas tava tããããão frio.... risos
__________
Incertezas, inseguranças, desejos, novas perspectivas, decepções (comigo e com os outros) à parte... foi muito bom ter ido, mas não pretendo ir em outra desse tipo por um bom tempo.

De sexo (gay) não teve nada... e se não rolou na cidade (grande), na cidade (pequena) muito menos.

Bola pra frente!!!

RP

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A PARADA que MARCHA.

Já faz muito tempo que a PARADA gay de São Paulo MARCHA de um dos CEP’s mais nobres da cidade (Avenida Paulista) para um dos mais decadentes (República). Qualquer semelhança do fato com a qualidade do evento é mera coincidência.





Ano após ano gente do mundo inteiro invade a capital paulista por conta dos eventos que divertem a cidade e a torna a capital gay do nosso planeta, culminando numa grande passeata na Avenida Paulista.
Há quem seja a favor, apóie, goste e faça questão de participar do evento, e há aqueles que são radicalmente contra alegando que o evento é um grande carnaval de pegação e sexo fácil.
O que motivou este post não foi tentar defender que a PARADA GAY de São Paulo é um ato “político-social” nem um “carnaval”, afinal, na minha opinião é as duas coisa e ambos os motivos são válidos, cada um a seu modo (eu mesmo, no auge dos meus 11 ou 12 anos de idade, pintei a cara na era Collor e fui às ruas como estudante sem saber direito o que estava fazendo, mas minha presença com certeza pesou nos votos de todos aqueles que disseram sim ao impeachment).
Seja qual for a razão de cada um dos presentes (caça ou protesto), acredito que só o fato de mostrar às pessoas (principalmente governantes que fazem projetos de leis ou decretos, como o prefeito que queria tornar proibido que homossexuais habitem o município que dirige, ou o deputado que queria tornar crime o beijo público entre pessoas do mesmo sexo, que você pode ler um pouco na postagem de NINA: AQUI), que somos mais de 3.000.000 de pessoas, e que essa quantidade de votos é muito mais do que a maioria deles tiveram pra se eleger, já vale o evento. Mesmo que a mídia erradamente foque apenas em mostrar os tipos mais “performáticos” lá presentes (fato que merece outro post).

Meu motivo é outro!!!

Desde o ano retrasado as casas noturnas têm se ausentado da avenida pois a associação que promove o evento começou cobrar taxas altíssimas para permitir que as boates colocassem seus carros na avenida (este ano seria mais de R$40.000,00), alegando ser um ato “publicitário”. Isso fez com que as casas investissem em eventos que acontecem no mesmo dia e horário da “passeata”, dividindo o público, diminuindo a quantidade de pessoas no evento(principalmente as mais bonitas e endinheiradas), tirando sua visibilidade e tornando-o pior a cada ano. Lí em algum lugar (esse blog não tem fins jornalísticos pra eu precisar informar a fonte) que a renda per-capita média no ano retrasado na avenida era de R$2800,00, bem cima da média brasileira, e no ano passado de R$1700,00.

Como isso se reflete no pensamento de empresários e da indústria em geral na hora de decidir investir nesse público? Como isso se reflete no governo na hora de aprovar, propor ou votar leis que protejam o interesse da classe?

Seja qual for a razão das pessoas irem para a avenida, é a massa que promove mudanças, que abre os olhos e que nos faz ser vistos.

Se é a proporção da “passeata” que a tornou maior do mundo, se é esse título que a tornou conhecida e atrativa, e se é essa “atratividade” que faz as pessoas virem de outros estados e países, o que vai acontecer se os noticiários começarem a notificar que a Parada Gay de São Paulo perdeu público, tornou-se pequena e um festival de pessoas apenas de classes mais baixas?

Sou um profissional de marketing e não posso deixar de pensar que essa estratégia é péssima, afinal todos perdem com isso:
· A associação, que com isso está dando forças para a prefeitura expulsar o evento da paulista, como vem tentando fazer há anos.
· As casas noturnas, que se a parada deixar de ser tão atrativa deixarão de ganhar MUITO dinheiro.
· A “comunidade” que perde visibilidade e com isso a homofobia ganha espaço.

Acredito que todos estão apostando que A SEMANA DO ORGULHO GAY, com todos os seus eventos e festas, são - por si - fortes para continuar atraindo o público, seja para ir à avenida, seja para ir às festas.

Será que os “gringos” ou brasileiros menos ligados a cena gay, moradores do interior dos estados, que nos visitam (e não conhecem ninguém no Brasil que os diga onde ir) pretendem deixar de ir a avenida para ir nas festas? E o que eles dirão do nosso evento?
Vai haver discernimento do tipo “Vá para a Parada Gay de SP, no Brasil, mas não vá na Parada Gay, vá só nas festas?”


Não consigo fazer uma projeção diferente de que ver essa associação voltando atrás e unindo forças, ou o evento se arruinando.
Ano passado eu mesmo fui para a Paulista. Um festival de gente sem propósito, de má aparência (principalmente), roubos, e gente reclamando. Diferente dos anos anteriores, a quantidade de pessoas era tão menor, que podia-se movimentar normalmente por onde quisesse.
Quero dizer às casas noturnas: Criem o UNIVERSO PERFEITO em cima de 2, 3 ou 4 trios (estarei lá com certeza), mas NA avenida. No máximo, façam como fez o site “disponível.com” que montou um “camarote” no evento.

Imaginam como seria se as escolas de samba fizessem eventos paralelos ao desfile na avenida? São as escolas que fazem o evento, assim como as casas noturnas GLS TÊM que fazer parte da Parada Gay. É interessante pra todo mundo.

What a fuck you doing, after all??? Pergunto.

Sobre os organizadores penso que talvez estejam querendo que o evento vá pra um CEP mais afastado, que cause menos transtorno e tenha menos impacto na vida de todos, deixando de ser um PROTESTO tão VISÍVEL. Talvez a PARADA deva ficar mesmo PARADA, como a MARCHA pra Jesus, no Campo de Marte ou no Autódromo de Interlagos. Se tiver o mesmo comprometimento dos que a promovem e participam, tudo bem pra mim.

RP

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Bem e o Mal.

"Muita luz é como muita sombra: não deixa ver."
Carlos Castañeda

A irreverência da juventude não está exatamente no puro desejo de subverter as regras estabelecidas, mas em assumir uma nova atitude à medida que começa a não aceitar mais as relações de associação entre sexo e perversão, poder e opressão, força e destruição, diversão e pecado, castidade e pureza, pobreza e virtude, submissão e respeito.
Isto se reflete num contínuo questionamento das atitudes e comportamentos que analisam os fatos e escolhas, classificando-as em dois extremos: bem e mal, lindo e feio, claro e escuro. Em contrapartida a estas visões polarizantes, existe uma tendência ao reconhecimento de que as coisas não são boas ou más, mas uma contínua mistura de ambos os aspectos, em todas as possíveis combinações.

Seria essa a estrada para o fim dos preconceitos? Esse pensamento é válido para cidades pequenas?

Acredito na idéia de que o bem e o mal convivem em cada um de nós, contemplando a dualidade da personalidade moderna do homem, que não tem vergonha de demonstrar seus desejos e emoções.

E você, como avalia esta questão?
Será que temos como definir em qual dos dois lados nós estamos?


Assim como o homem só tem a noção da beleza conhecendo o feio, a existência dos opostos implica em conceitos correlativos, ou seja, somente conhecido um é que se revela o outro: o fácil e o difícil, o longo e o curto, o alto e o baixo.
E bem ou mal, através de alguns cliques, a internet permite ao homem de qualquer lugar do planeta conhecer os aspectos culturais e os códigos morais de vários povos e suas polarizações, quebrando as barreiras de sua própria crença.
Diante dessa diversidade e vivendo novas realidades, os jovens estão construindo seus valores. Em contato com uma nova carga de informação, eles encontram a possibilidade de entender melhor a coexistência dessas duas forças opostas que buscam o equilíbrio.
Daí se forma um certo clima para que este milênio seja marcado por uma nova era de coexistência. Sem aquela busca incessante pelas características perfeitas, talvez seja possível viver melhor e, quem sabe, compreender e aceitar tanto seus êxitos quanto seus fracassos, seus medos e seus desejos obscuros. Descobrir seus dois lados, olhar-se profundamente, permitindo-se ser um pouco mais autêntico.

Quem aceita este desafio?

"A Prudência é uma rica, feia e velha donzela cortejada pela Impotência."
William Blake

RP
__________
Denise: “My gift is my song (or "post")... and this one’s for you….” - http://www.youtube.com/watch?v=ntO9HzTZ5RE

terça-feira, 2 de junho de 2009

Profissional e Gay: Essas palavras combinam?

É sabido que os gays normalmente gastam mais com entretenimento, viagens, alimentação e vestimentas do que os heterossexuais.
Ter um padrão de vida acima da média além de “vontade”, é uma necessidade para a maioria dos homossexuais do mundo. Para essas pessoas a tranquilidade financeira significa muito mais do que o poder de consumo. Trata-se da liberdade de ir e vir, e principalmente do direito de SER.
Em cidades pequenas - principalmente - onde a educação dos filhos costuma ser mais conservadora e se modernizar numa velocidade menor do que nas grandes capitais, é comum as pessoas (gays ou heteros) ouvirem de seus pais “enquanto viver sob meu teto fará o que eu quiser” ou “agirá como eu determinar” ou ainda “valerão as minhas regras”. Por isso não é raro encontrar alguns gays que assumiram sua sexualidade perante família e amigos assim que conquistam a independência monetária. Comum é ainda ver que muitos deles perderam o apoio e base familiar quando o fizeram. No entanto, junto com o sucesso profissional, normalmente vem a mudança de comportamento dessas pessoas que em determinado momento deixaram de compor a base do homossexual. O discurso muda para “meu filho é gay, mas é um ótimo advogado” ou “meu amigo é gay, mas é cheio da grana” ou ainda “meu irmão é gay, mas mora num apartamento lindo, viaja o mundo, tem um monte de amigos e trabalha muito”. Enfim... um “mas” entra na historia.

Se a luta por sucesso já é árdua para todos os seres humanos que vivem no mundo capitalista, esse peso da liberdade financeira não torna os gays muito mais batalhadores e focados em conquistar essa situação? Seguindo um pensamento lógico, isso não faz com eles diariamente lutem para serem mais criativos, mais eficazes, gerar mais resultados e serem profissionais melhores?

Teoricamente os gays também não têm filhos, famílias ou relacionamentos amorosos muito duradouros e colocam sua profissão em primeiro plano de suas vidas.
Neste caminho, o mercado de trabalho exige cada vez mais do trabalhador: mais dedicação, menos vida pessoal, mais disposição, mais criatividade, mais foco nos resultados e maior eficácia. Isso tem feito as mulheres serem mães mais tarde, os homens serem solteiros por mais tempo e a vida profissional das pessoas acabarem mais cedo, já que em determinado momento da vida a maioria das pessoas sentem necessidade de se dedicar a família.

Esse encontro de situações não deveria fazer dos gays profissionais respeitados e desejados pelas empresas?

Poder ter um funcionário dedicado, que o trabalho vale mais do que para a maioria das pessoas, que tem na profissão sua prioridade, que não tem filhos ou família para cuidar (o que impossibilitaria viagens muito longas e aumentaria a necessidade de dependentes nos benefícios), parece ser tudo que as empresas buscam.
Algumas empresas vêm investindo na conscientização do respeito à diversidade e na liberdade para que os funcionários possam se assumir homossexuais.

Responsabilidade social ou interesse? Seja como for, de forma geral, é mesmo assim a realidade?

É obvio que ninguém gostaria de ter sua sexualidade exposta no ambiente de trabalho, no entanto, para o homossexual, especialmente aqueles que vivem em cidades pequenas, sua sexualidade revelada pode significar a perda do respeito da equipe, tornar-se alvo de piadinhas e apontamentos, além de comumente pesar contra ele numa possível promoção.
Seria paradoxal e difícil de entender se não estivéssemos falando da realidade de um país onde mais de 40% da população se declara abertamente homofóbica.
O interessante é que essa situação faz com que os gays estudem ainda mais, trabalhem ainda mais e busquem ainda mais serem profissionais acima da média para que, mesmo com uma possível exposição da sua orientação sexual, possam manter sua segurança no trabalho e seus empregos.

Vai chegar um momento em que ser gay, no mínimo, não vai ter peso algum na vida profissional de uma pessoa?
Para isso, é preciso que o preconceito acabe ou que os gays se assumam numa atitude inspirada em “MILK”?
Seria uma roda de ações?

Os gays se assumem numa súbita personalidade “Milk” > mostram que são bons e se fazem respeitar > forçam assim a diminuição do preconceito > que fazem outros gays se assumirem....

ou

O povo demonstra um senso de respeito e de queda do preconceito > então os gays se assumem > que faz com que mais pessoas derrubem seus preconceitos....

Qual é a ordem correta? E qual é a mais provável?
Está nas mãos de quem fazer as coisas mudarem?

Quem vai correr o risco?



Indicação de Filmes para download:
Milk – A voz da igualdade: http://www.megaupload.com/?d=F8DY2VFC


RP

sábado, 30 de maio de 2009

Amigo é coisa pra...


“Amizade” tem um significado diferente para os homens gays?

É comum ver gays que saíram de cidades pequenas e foram viver sozinhos em cidades grandes. É a busca por melhores oportunidades de trabalho, acesso a cultura, novos mundos e principalmente liberdade de ser e se expressar.
Longe de casa as necessidades de atenção, apoio, identificação e compreensão (que se enquadram numa parte da necessidade de segurança) recaem sobre amigos e relacionamentos.
Ora... se os relacionamentos são cada dia mais tão somente sexuais, naturalmente as relações de amizade entre os gays são mais trabalhadas e ganham mais foco (isso caso não se tornem também sexuais), quando a intensão é suprir parte dessa necessidade.

Mas isso acontece apenas com os que estão longe de suas famílias?
Qual a porcentagem dos gays que têm o diálogo aberto com suas famílias sobre sexo, por exemplo?
Quem se sente tranqüilo para falar de seus desejos e aventuras?
Especialmente em famílias tradicionais de cidades de interior.
Os amigos são substitutos da família para os gays ou apenas têm um papel diferente?

Conversando com pessoas de idade acima de 80 anos, é regra ouvir que era proibido o assunto “sexo“ entre pais e filhos. Hoje em dia o “tabu” tem caído e o diálogo sobre o tema tem sido incentivado.
Mas esse incentivo ao diálogo vale apenas para sexo heterossexual?

Adaptando o mais “cru” dos pensamentos filosóficos...
Sexo heterossexual era tabu entre pais e filhos 80 anos atrás e não é mais hoje.
Sexo gay é tabu entre pais e filhos hoje.
Logo, sexo gay não será tabu entre pais e filhos daqui 80 anos.
...é correto?

“Os brasileiros levaram X anos para os filhos poderem falar de sexo heterossexual com suas famílias, logo... levarão mais Y anos para os filhos poderem falar de sexo gay”?

Uma pesquisa realizada em 2007 mostra que a maior parte da população aponta um dos papeis da família como sendo o de cuidar de você no futuro (saúde, financeiramente e afetivamente), caso precise.
Se você não pode ser totalmente transparente com a família, como esse papel pode ser cumprido?

Além disso, quando questionados sobre as perspectivas de relacionamentos, a visão de “felizes para sempre” e “até que a morte os separe” não é uma vertente muito presente entre os gays. Sendo assim, a falta de perspectivas de apoio familiar e de relacionamentos duradouros fazem os gays colocarem mais peso no “prato” quando o que está na “balança” é a amizade?

Isso não seria medo da solidão? É por essa razão que os gays querem manter tantos amigos por perto?

Einsten dizia: "Se as pessoas são boas somente por causa do seu medo de punição e sua esperança por recompensa, então nós somos, de fato, uma desculpa".

Mas qual a relação humana que é totalmente despretenciosa, que não espera recompensa ou prevensão às “punições” do destino?

Por outro lado, o homem gay sofre com os preconceitos (começando com os seus proprios) desde que percebe que seus desejos são “diferentes” dos outros. Alguns levam uma vida de humilhação e exclusão durante boa parte da infância e adolecência. Isso torna o gay mais volúvel as investidas de afeto e compreensão, além do fato de que quando está rodeado por iguais, sente-se menos “minoria”, menos “diferente”, e menos “anormal” em relação ao mundo (Identificação).

Um amigo - para o gay - nunca é “mais um” amigo?

A dificuldade de descartar uma investida de “afeto’ explica também a volatilidade e dificuldade de manter relacionamentos amorosos?

Isso não faz com que a busca por relacionamentos mais profundos e quantitativos os torne (os relacionamentos) na verdade mais superficiais e menos qualitativos?

“Por que você se assusta? O que acontece para a árvore acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal”. (Nietzsche)
__________
Mudando de assunto 1: Pelo meu sumiço peço desculpas especiais àqueles que lêem meus devaneios com assiduidade e me acompanham por aqui. Foram problemas médicos, mas estou de volta e bem.

Mudando de assunto 2: O endereço do blog mudou para http://primodointerior.blogspot.com/.
__________
RP

quinta-feira, 21 de maio de 2009

S.A.L. via msn

Serviço de atendimento ao leitor: rpblog@hotmail.com

Catch (or add) me if u can!!!

:)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

SmallVille Changings

A “modernidade” e algumas coisas da cidade grande então invadindo as cidades menores, que já não são tão pequenas assim. Com isso algumas mudanças na cidade (pequena) e no comportamento (sexual) da mesma são inevitáveis.

Todos os dias eu corro o trajeto [Casa > Academia > Casa] e isso faz com que minhas observações sobre o aspecto “transformação” do bairro e das pessoas estejam aguçadas, já que no mesmo bairro tem a casa que eu moro agora; a casa que morei quando nasci, casas de tios, primos, avós e outros parentes; a igreja que meus pais casaram, que eu fui batizado e coroinha; o hospital que eu nasci; a pré-escola que estudei; o colégio que fiz o primário, a praça onde tive minha primeira vez e por aí vai uma lista infinita...
Morei 11 anos fora daqui (São PauloSP, CampinasSP, AmericanaSP, VotorantimSP e Jaraguá do SulSC) mas a maior parte da família ainda mora por aqui e é sempre pra onde eu “volto”.

Dissertação dos fatos que me fizeram pensar nas mudanças dos tempos:


Passando pela frente do colégio... bermudão, fones de ouvido e sem camiseta. A música estava alta, mas não me impediram de ouvir alguns gritos na janela de uma das salas de aula (alunos de no máximo 15 ou 16 anos). As meninas gritavam “GOSTOSOOOOOOO!!!”(ok!) – “HEIIIIIIIIIIII” (hã?Será que é comigo? – cara de desentendido), e os meninos gritavam “BOMBADO VIADO” (??) – “BROXAAAAA” (????) – “MINI PAUUUUUU” (??????).


Estão transformando o bairro. Tinha umas “mansões” e “prédios históricos” aqui, mas estão todas virando estabelecimentos comerciais: Hipermercados, Restaurantes, Lojas, cafés, Baladinha e até teatro. E tem mais novidades a caminho: Vai ter um campus da UFSCAR em 2 meses e um shopping que eu imaginei que seria mais uma galeria, mas quando vi um bonitinho no plantão de vendas e fui lá conhecer (o projeto!!!), soube que vai ter Outback, Oakley e Zara. “SmallVille” virando “BiggerVille”?


Correr faz pensar na vida e eu fiquei pensando em quanta saudade eu to sentindo dos meus amigos mais antigos. Cidade pequena tem disso, quando você tem um grupo de amigos que tem um pouco menos de “conformismo” em relação a vida, a separação é inevitável. Cada um num canto do mundo. A saudade que eu estou sentindo não é aquela de balada, ver e só. É de sentar, conversar, comer, beber, tomar sol e outras amenidades. Saudades do Matheus, Heder, Vitão, Galeni (o mais novo velho amigo), Gustavo, Marcelo, Mariana Porca, Aline, Dani, Amanda, Godoi, Franco, Zica, Thais, Mam’s e Carol....


Minha academia é toda de vidro numa galeria (dentro do tal hipermercado). Quem está passando por lá nos vê treinando lá dentro. Hoje um homem velho, bêbado, sujo, fedido, feio, mal vestido e gay (por minha conta!!!) invadiu a academia direto na minha direção e pegou no meu braço dizendo “Tá tudo dolorido aí??? Quero fazer ginástica aqui também, como faz???”, fiquei tão sem ação, não respondi e fiquei parado vendo todos olhando pra mim até o segurança vir e tirar ele dalí, momento em que ele parou de “apalpar” meu braço.


No que será que isso tudo vai dar (ui!)???

RP

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Vivendo em Ecstasy



Pode escolher...

Opção um:
Uma noite perfeita, onde o tempo passa devagar, as pessoas são lindas e te desejam, todos os seus sentidos estão aguçados, você sente o vento no rosto, o som da música inebria, e quando alguém te toca é uma sensação INCRÍVEL.

Opção dois:
Balada mais ou menos, pessoas feias e loucas sendo inconvenientes, falando com você cuspindo e sem fixar olhar, mordendo a boca e contorcendo-se todo. Dançando sem parar, num ritmo 50 vezes mais rápido que a música que toca o fundo.

A opção um lhe parece mais interessante?
Para qualquer noite ser assim é só escolher uma letra do alfabeto: A, B, C, D, E, G... K... (tudo em inglês). E ainda tem mais um monte de nomes simpáticos como: doce, bala e etc.

Um estudo realizado por médicos americanos aponta para os perigos das drogas e sua influência em maior profundidade sobre os gays pois estes em geral gostam de ter experiências intensas que vão do abuso dos exercícios físicos, ao excesso de sexo e depois às drogas (não necessariamente nessa ordem).

E como é a questão das drogas nas cidades do interior? Os gays das cidades pequenas se drogam menos?

Em um artigo publicado na revista “The Advocate” diz: “... levantou-se que o uso das drogas é maior em homossexuais dos grandes centros urbanos. Segundo o estudo, as drogas fazem parte de um ritual de passagem para os homossexuais que querem se afirmar sob os spots da capital fazendo com que eles se sintam bem, brilhantes e esfuziantes.”
Claro que as drogas estão presentes em todos os lugares, mas no interior há uma necessidade maior de NÃO perder o controle, pois as conseqüências podem ser “graves”. Suas atitudes na rua chegam em casa, e no trabalho, antes de você.

Quantos dos gays que hoje vivem na capital vieram de cidades pequenas? Alguma ligação?

Primeiro o cidadão usa as drogas para curtir a balada, depois, como diz meu amigo Ricco: “fazem uso de ‘fármacos’ para outros tipos de atividades em suas vidas tais como para dormir, para acordar, para comer, para não comer, para ficar forte, para fazer sexo e simplesmente para serem ‘felizes’ com os deprimentes antidepressivos.” Uma reação em cadeia.

Mas quem nunca quis fugir da realidade, tirar os pés do chão e ter uma sensação de ECSTASY por uma noite? Por quantas noites?

O artigo dizia ainda: “os gays ainda esquecem de fazer sexo seguro sob o brilho das drogas.”

Quantos já usaram algum tipo de droga? Quantos esqueceram ou deixaram de “fazer sexo seguro sob o brilho das drogas”? Onde esse círculo termina?

No ano passado o governo distribuiu na Parada Gay de São Paulo folhetos que ensinavam como se drogar com segurança. Não se drogue, isso é crime, mas se o fizer, faça da maneira “x”.
Não mate ninguém, mas se matar, jogue o corpo em um lugar que seja fácil da gente achar. É isso?

Afinal, como queremos viver?

"Muita luz é como muita sombra: não deixa ver." Carlos Castañeda

RP

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ativo x Passivo

O que determina as preferências sexuais dos gays na cama (ou sofá, chão, escada, elevador, banheiro, cozinha... ooops, desculpem o devaneio)? O que faz alguém se autodenominar passivo ou ativo?

O Prazer que sente... ou... a imagem que quer passar... ou ainda... a imagem que quer ter de si mesmo?

Pensando um pouco na orientação do homem em relação a sexo, talvez seja possível encontrar uma resposta. A nossa cultura machista não faz com que os homens em geral supervalorizem sua postura e criem estereótipos sobre ativos e passivos? Afinal de contas é comum ver as pessoas associando a imagem do passivo a um ser feminino e do ativo a um ser masculino.

Nos “chats” de sexo, quando questionados sobre suas preferências sexuais, não raro se lê “Fulano diz: Sou Passivo.”...passam alguns segundos, e antes que você diga algo... “Fulano diz: Mas sou macho”, como se isso fosse uma raridade. Esquece-se que existe muito MACHO que gosta de ser passivo e muita “FÊMEA” querendo ser ativo.

Essa associação para quem mora numa cidade pequena, de costumes rígidos e famílias tradicionais, é ainda mais forte.

Dessa forma não estaria a questão ativo x passivo muito mais ligada ao comportamento - psicologia - e não ao ato de penetração (e o prazer proporcionado por ela) em si?

Então o ativo procura se sentir “macho alpha” e o passivo se sentir “fêmea”?

O sexo tornou-se uma maneira de se formar “hierarquia social” e não de prazer? Ou o prazer está diretamente relacionado à “hierarquia social”?

Estamos na era da volta da panqueca (como se chamavam – eles mesmos - os gays que eram tanto ativos quanto passivos nos anos 60), porém agora com nova embalagem e sabores: São os que se autodenominam versáteis, ativos versáteis, passivos versáteis, ativos liberais, passivos liberais e outras tantas que o humilde escritor que vos dirige os pensamentos mal pode lembrar.

Seria uma forma de o passivo fugir do estereótipo de efeminado? Seria uma forma de todos fugirem da situação de irem para cama (pré) obrigados a agirem de determinada maneira? Ou estão todos com um nível de autoconhecimento bem elevado que não precisam experimentar mais nada?

Tantas denominações não nos faz correr o risco de cairmos num outro padrão: O de que tudo é permitido e somos obrigados fazer determinada coisa que não estamos muito “afim”, ou fazer concessões em nome de um rótulo que nós mesmos nos demos?

E se um homem perde todos os seus preconceitos, e ainda sim prefere ser ativo (pois é assim que descobriu sentir mais prazer)? Ele será sempre obrigado a “pegar”, “dominar” e “decidir” os rumos da relação sexual? Ser “alpha”? Sempre?

As PREFERÊNCIAS existem, formas como cada um sente mais prazer sexual e formas como cada um NÃO sente prazer sexual. Mas você já parou para pensar nos motivos que determinam as suas? Experiência, pressão cultural ou “eu ideal” (a forma como você gostaria de ser visto).

Não seria um pouco de tudo isso?

Conhecer-se a fundo (seus paradigmas, desejos, prazeres e desprazeres) é uma forma de poder usar seu equipamento (Você!) com mais acertividade em busca da felicidade e do prazer.

Enjoy!!!

Próximo tema: Drogas.

RP

terça-feira, 12 de maio de 2009

Agradecimento Especial

Postagem rápida pra agradecer (mais uma vez) o Edu pela menção a mim (e o blog) no blog dele.
Aos meus visitantes indico: www.casadois.blogspot.com.

ADOROOO!

RP

sábado, 9 de maio de 2009

Família Religiosa


Para as pessoas que vivem em cidades pequenas no Brasil, a religião (normalmente católica) é presente desde o nascimento quando as crianças são logo batizadas antes mesmo de saber quem são.

A história do mundo tem grandes contradições acerca das religiões, mas no sentindo geral é reconfortante acreditar numa força maior que resolve todos os problemas, que há um lugar melhor para ir depois da morte (mesmo assim ninguém quer morrer), além de criar regras de conduta que tentem prover harmonia, perpetuação da espécie, pudor, limites e etc.

Como é ser gay numa família religiosa do interior?

A Bíblia em levítico Cap18 V22 diz: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher, é abominação” e em Levítico Cap20 V13 diz: “Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável, serão mortos o seu sangue cairá sobre eles”.

A bíblia é um livro com interpretações humanas. É preciso levar em consideração o tempo e a forma como as pessoas viviam, pois isso dita a forma como elas viam as coisas e consequentemente suas interpretações. Nesse sentido há estudiosos que defendem que a palavra “abominação” - no tempo em que o velho testamento (Levítico) foi escrito - significava “falta de higiene”. Afinal era uma época em que não se tomava banho todos os dias, não existia papel higiênico, utensílios domésticos modernos, assepsia, desodorante, privada com descarga, preservativo, fogão, etc.

No mesmo livro de levítico diz também que é errado comer ou tocar em presunto, camarão, peixes de couro (Lev.11), misturar dois tecidos na roupa (Lev.19:15) e até cortar a barba! (Lev.19:27). Em dezenas de passagens se diz que não descansar no "sábado" (dia de descanso semanal) é pecado gravíssimo, que traz maldições e deve ser punido com a morte (Êxodo 31:14-15). A maior parte dos cristãos, porém, acha boas razões para relativizar essas ordens, de acordo com seu bom senso. É provável que estejam certos (pois o próprio bom senso deve ser dado por Deus!). Por que, no entanto, eles se recusam a usar essa mesma tolerância em relação às passagens contra a homossexualidade.
No final das contas, a justiça divina será feito por Ele. Será que Ele não usará outros critérios para fazer o julgamento, além do que seu servo fez do seu sexo em vida?

Filme recomendados sobre o tema:
1 - Orações para Bobby (Prayer for Bobby) - Bas. em fatos reais - http://www.megaupload.com/?d=9ZY1SNQ6

2 - Salve-me (Save-me) - http://www.megaupload.com/?d=5DNLQU77

Próximo tema: Ativo x Passivo.

RP

Fidelidade



O Homem é um animal monogâmico? O que dizer sobre a fidelidade de um homem gay?

Essas duas perguntas e a verdadeira batalha que se instala numa mesa de bar quando o assunto é “fidelidade” – o que faz com que esse assunto raramente seja abordado em tal ambiente – falam por si só da complexidade do tema.

A história do mundo diz que não, pelo menos quando o assunto é instinto, já que desde a época das cavernas o homem é “medido” pela quantidade de suas conquistas sexuais e a qualidade da sua performance no ato.
A criação natural e social do homem ensina-o a não recusar sexo e a hipocritamente ser fiel ao seu amor.

Ora, se instintivamente o homem não é fiel, e socialmente ele é educado a conquistar e ter o maior número de pessoas na sua cama (cama = apenas simbologia), como será - este - fiel?

Qual a definição de fidelidade? Ser fiel é não transar com outras pessoas senão seu parceiro, ou não ir contra outros princípios (não sexuais) que baseiam a relação?

Há diferenças entre as duas coisas.

Um casal pode ser unido pela cumplicidade nos atos, interesse culturais que se completam, carinho mútuo, respeito às diferenças, muito tesão um no outro e identificação nas preferências em relação a sexo, apoio profissional, psicológico e moral, amor, paixão, amizade e enfim como um se sente ao estar na presença do outro, sendo “do” outro.

Um ato sexual, simplesmente físico, único e repentino muda tudo num relacionamento? Pelo fato de uma das partes ter usado seu corpo com outra pessoa para gozar mudou o que ele sente pelo companheiro, o que eles viveram juntos, o quanto são importantes pro outro, o quanto de tesão sente no outro, o carinho, a identificação enfim?

A monogamia foi adotada na cultura capitalista, cristã - especificamente nos países católicos e de “classe-média” dominante (lembrem-se dos ricos países árabes), pois seria menos provável que um homem conseguisse sustentar várias famílias e filhos com várias mulheres. Além, é claro, do sexo nos velhos tempos ser algo considerado íntimo, sagrado, puro, uma “consumação” do verdadeiro amor entre duas pessoas (homem e mulher) dispostas a criar uma família juntas, afinal, a maioria das religiões ainda prega que o sexo deve ser feito para procriação.

Hoje existe camisinha, métodos anticoncepcionais, mulheres trabalham, o fato de que no caso aqui abordado (Gays) há a total inexistência de filhos naturais e a intenção do sexo passa longe da perpetuação da espécie. Sendo assim qual o verdadeiro papel da fidelidade nos dias atuais?

A verdade é que as pessoas buscam um relacionamento porque não querem que suas vidas passem em vão, e o “casamento” é uma garantia de que ela deixará sua marca, em ao menos uma vida. Será lembrado, venerado.

Mas porque as pessoas sentem-se tão menos importantes, tão menos desejadas, tão menos valorizadas por seu companheiro quando sabem que este sente tesão – e deu vazão ao sentimento - por outra pessoa?

O problema pode estar, no caso dos homens, em outra parte de sua criação: ele deve ter as “rédias” das situações. Ele tem “obrigação” de não só fazer muito sexo, mas de ser melhor que os outros nesse “negócio”. Ter a melhor “desenvoltura”, o maior membro, e deixar o parceiro com a maior sensação de sacies já sentida em sua existência.
Tendo a fidelidade do parceiro, ele sente isso. Afinal, aquela pessoa trocou todos os outros por ele.

Quando falamos então de cidades pequenas, o problema está no fato do seu companheiro ter transado com alguém, ou na possibilidade de cruzar com o tal terceiro na praça aos domingos?

Um homem pode achar seu companheiro o melhor o mundo (existe?) e ainda sim desejar outros? Estamos falando de “fidelidade” ou “ego”?
As pessoas hipocritamente ignoram o fato de que um casal é formado por todos os outros corpos e amores que ambos deixaram pra trás, e por todas as pessoas que ambos desejaram e amaram e que o rejeitaram também.

Um homem pode realmente só desejar um único homem pelo resto da vida? Um homem pode controlar seu desejo por outros homens por um amor verdadeiro?

Parece paradoxo que solteiros fazem “sexo só por sexo”, daquele tipo que se faz em menos de uma hora com alguém que mal se sabe o nome, um solteiro pode transar com uma pessoa por tesão, por tédio, por fuga, por oportunidade, por desejo absurdo, por passatempo, por pressão dos amigos ou por motivos que ele não sabe o motivo, e nem precisa saber, enquanto para os “casados” o sexo fora da “dupla” tem sempre “algo mais”. Para alguém que tem um relacionamento e transa com algum terceiro nenhuma das razões do solteiro existe; Pensa-se logo que ele o faz porque está insatisfeito com o relacionamento, porque não deseja mais o parceiro, porque está querendo substituir o parceiro ou qualquer outra razão, sempre mais profunda.
Será?

Amar muda os instintos e a criação do homem? A cultura e desejo de conhecer outros corpos?

Afinal, relacionamento é exclusivamente uma questão física? Passa-se o resto da vida com melhor corpo que se encontra? E depois que se encontra o melhor corpo os outros todos se tornam indesejáveis?
Espera-se que todas as outras razões que fazem uma pessoa se sentir completo num relacionamento extinguam seus desejos sexuais incontroláveis por outros “machos”?

Chegando ao ponto crucial do pensamento aqui descrito, todas as perguntas acima são alternativas para a pergunta mais difícil e que – para alguns – tem a resposta mais dolorida: É possível ter um relacionamento em que haja amor e que faça com que alguém queira “pertencer” a apenas uma pessoa com reciprocidade nas duas coisas (amor e sexo)?

Este texto busca muito mais instigar o pensamento individual do que criar uma visão de certo ou errado ou dizer ao leitor como agir.

A única frase que explica com perfeição este conjunto de palavras é: “Não existe pessoa certa para ninguém. O que existe é pessoa certa para aquele momento”.
Sendo assim, curta-o (o momento).

Como uma indústria de cosmético diria para finalizar um de seus filmes de 30 segundos que nos convencem a comprar seus produtos: Bem-Viver-Bem!

E cada um que faça com a frase a construção que lhe convir.
Próximo tema: Família Religiosa.

RP

Caça


Se houvesse apenas uma palavra que definisse o comportamento dos gays, essa palavra seria “caça”.
Ninguém escolhe ser gay por modismo, ou porque acha bacana. Se o cidadão pudesse, ele preferiria gostar do sexo oposto, agradar a família, Deus, a sociedade enfim.
Isso significa que se ele é gay, é porque não conseguiu controlar sua sexualidade.
O sexo, o desejo e o instinto falaram mais alto.
Daí um briga constante e interna porque ele sabe que todos são extremamente sexualizados, mas ele também quer ter – e ser – de uma pessoa só, marcar a vida de alguém, ter sua passagem pelo mundo “compartilhada”.
A fidelidade definitivamente é para poucos nesse mundo.
Há quem discorde e pare de ler esse texto aqui mesmo com raiva desse autor. A estes fica o especial convite a continuar.
Pense:
Quantas historias de heterossexuais andando pelo shopping que se olharam, se desejaram, e acabaram transando no banheiro, ali mesmo no shopping?
Quantas histórias de heterossexuais você conhece que se conheceram num chat de bate papo? Aliás, quantos heterossexuais têm na sala de bate papo da sua cidade neste momento? E gays?
O gay é um caçador, e não é uma questão só sexual, mais uma vez tem a questão identificação, e a falta de opção de como e onde encontrar o “bando”, demonstrada, aí sim, de forma sexual.
Volta-se portanto - como é o intuito da existência desse espaço - no ponto onde o comportamento fica ainda mais evidente nas cidades pequenas.
Um homossexual, como qualquer outro ser humano, quer encontrar pessoas iguais.
Esse comportamento é ainda mais evidente em homens. Já repararam como acontece numa sala em primeiro dia de aula, em palestras, ou qualquer ato social?
Os homens vão se aglomerando num canto, enquanto as mulheres se espalham pela sala. Homem precisa estar em bando pra se sentir forte, protegido e capaz.
No interior não há Frei Caneca, Farme de Amoedo, Arpoador ou Autorama, a caça rola em todos os lugares, e as salas de bate papo são quase uma boate gay aberta 24 horas.
Promiscuidade? Não necessariamente, apenas uma forma de liberar os instintos, suprir suas necessidades sem se importar muito com o que os outros pensam.
E se importar pra quê?
Como exigir de um morador de rua, que nunca teve sua dignidade e sua cidadania respeitada, que ele respeite a cidadania e a dignidade do próximo?
Como acusar uma pessoa que constantemente é vitima de piadas generalistas, que a colocam como parte de um todo que ela mesma, muitas vezes, menospreza, deixe de fazer o que tem vontade para tentar conseguir um pensamento mais amigável dos outros?
Mais profundamente, eles não precisam disso.

Ser gay é bom, fazer sexo é bom, a conquista e a caça são boas, e o proibido é melhor ainda.

Que morram de inveja quem não pode fazer o mesmo.

Quem vive com a liberdade de ser como seus instintos mandam se diverte... e muito.

Próximo tema: Fidelidade.

RP

Aceitação

Acerca das relações entre os homossexuais de forma geral, principalmente nas cidades pequenas, pode-se dizer que há uma tradução completamente diferente para a frase “ser gay” de acordo com o ambiente que se vive.

Numa cidade grande como São Paulo e Rio de Janeiro certamente tem espaço para todo tipo de gente, com suas manias, vontades e jeito de ser. Mas como é isso numa cidade pequena?

Nas capitais há lugares freqüentados por todos os “tipos” de gays: as barbies (os bombados), os mais afeminados, as drag-queens, por gente com mais e por gente com menos dinheiro.
As tribos se juntam, formam seus “clubes”, suas redes de lugares preferidos e rola identificação.
Também não se pode esquecer o fato de que a maioria dos gays que vivem nas capitais estão longe de suas famílias, e fora de suas cidades-natal.
Dessa forma fica mais fácil encontrar amigos, um grande amor ou qualquer outro tipo de relacionamento que se procure. Mas como ter isso vivendo no interior?

O preconceito existe em todos os lugares, é verdade, e é ainda mais presente nos lugares em que as pessoas se conhecem, as famílias são tradicionais e os rostos se repetem pelas ruas. Já que este texto fala de um grupo específico de pessoas, vamos focar no preconceito contra os homossexuais, protagonizados por eles próprios.

É uma questão de identidade: há quem não se sinta relaxado com homens que gostariam de ter nascido mulheres e vestem-se como tal, e há quem não se sinta a vontade com homens que mantém a postura masculina; Há quem não se sinta bem com gente vestindo grifes super-fashion, e há quem não se sinta bem com um monte de gente que sai de regata e jeans básico pra tudo. E normalmente uma “tribo” não se mistura muito com a outra.

Como a variedade de lugares para o publico gay no interior inexiste, sempre uma tribo acaba se afastando, ficando sem opções para suas buscas e seu divertimento, a menos que enfrente os seus – e dos outros – preconceitos.
Frequentar um lugar de determinado grupo de pessoas é correr o risco de aumentar o preconceito da família e não encontrar alguém do mesmo perfil.

É obvio que o preconceito das pessoas e das famílias historicamente sempre fez com que alguns gays vestissem a máscara do “divertido” para serem aceitos, consequentemente os primeiros “aceitos” e assumidos foram os “performistas”, daí vem mais preconceito nas famílias e sociedade, o que gera mais temor e mais medo daqueles que não são assim se sentirem a vontade com sua sexualidade, o que faz com que mais pessoas tenham preconceito, se escondam... e o círculo continua.

Não se pode esquecer que os primeiros que tiveram coragem de mostrar a cara foram sempre os mais “abusados”, que a maioria, mesmo gays, tem um certo preconceito.
Portanto, muito se deve a coragem daqueles que enfrentaram tudo e todos para ser como gostariam de ser.

No final das contas, são felizes? O ambiente afinal não é feito por aqueles que nele vivem?

O que você está fazendo para mudar o que lhe desagrada?

Afinal, é possível ser gay, feliz e “normal” vivendo fora de uma capital?

Proximo tema: A Caça!


RP