sábado, 30 de maio de 2009

Amigo é coisa pra...


“Amizade” tem um significado diferente para os homens gays?

É comum ver gays que saíram de cidades pequenas e foram viver sozinhos em cidades grandes. É a busca por melhores oportunidades de trabalho, acesso a cultura, novos mundos e principalmente liberdade de ser e se expressar.
Longe de casa as necessidades de atenção, apoio, identificação e compreensão (que se enquadram numa parte da necessidade de segurança) recaem sobre amigos e relacionamentos.
Ora... se os relacionamentos são cada dia mais tão somente sexuais, naturalmente as relações de amizade entre os gays são mais trabalhadas e ganham mais foco (isso caso não se tornem também sexuais), quando a intensão é suprir parte dessa necessidade.

Mas isso acontece apenas com os que estão longe de suas famílias?
Qual a porcentagem dos gays que têm o diálogo aberto com suas famílias sobre sexo, por exemplo?
Quem se sente tranqüilo para falar de seus desejos e aventuras?
Especialmente em famílias tradicionais de cidades de interior.
Os amigos são substitutos da família para os gays ou apenas têm um papel diferente?

Conversando com pessoas de idade acima de 80 anos, é regra ouvir que era proibido o assunto “sexo“ entre pais e filhos. Hoje em dia o “tabu” tem caído e o diálogo sobre o tema tem sido incentivado.
Mas esse incentivo ao diálogo vale apenas para sexo heterossexual?

Adaptando o mais “cru” dos pensamentos filosóficos...
Sexo heterossexual era tabu entre pais e filhos 80 anos atrás e não é mais hoje.
Sexo gay é tabu entre pais e filhos hoje.
Logo, sexo gay não será tabu entre pais e filhos daqui 80 anos.
...é correto?

“Os brasileiros levaram X anos para os filhos poderem falar de sexo heterossexual com suas famílias, logo... levarão mais Y anos para os filhos poderem falar de sexo gay”?

Uma pesquisa realizada em 2007 mostra que a maior parte da população aponta um dos papeis da família como sendo o de cuidar de você no futuro (saúde, financeiramente e afetivamente), caso precise.
Se você não pode ser totalmente transparente com a família, como esse papel pode ser cumprido?

Além disso, quando questionados sobre as perspectivas de relacionamentos, a visão de “felizes para sempre” e “até que a morte os separe” não é uma vertente muito presente entre os gays. Sendo assim, a falta de perspectivas de apoio familiar e de relacionamentos duradouros fazem os gays colocarem mais peso no “prato” quando o que está na “balança” é a amizade?

Isso não seria medo da solidão? É por essa razão que os gays querem manter tantos amigos por perto?

Einsten dizia: "Se as pessoas são boas somente por causa do seu medo de punição e sua esperança por recompensa, então nós somos, de fato, uma desculpa".

Mas qual a relação humana que é totalmente despretenciosa, que não espera recompensa ou prevensão às “punições” do destino?

Por outro lado, o homem gay sofre com os preconceitos (começando com os seus proprios) desde que percebe que seus desejos são “diferentes” dos outros. Alguns levam uma vida de humilhação e exclusão durante boa parte da infância e adolecência. Isso torna o gay mais volúvel as investidas de afeto e compreensão, além do fato de que quando está rodeado por iguais, sente-se menos “minoria”, menos “diferente”, e menos “anormal” em relação ao mundo (Identificação).

Um amigo - para o gay - nunca é “mais um” amigo?

A dificuldade de descartar uma investida de “afeto’ explica também a volatilidade e dificuldade de manter relacionamentos amorosos?

Isso não faz com que a busca por relacionamentos mais profundos e quantitativos os torne (os relacionamentos) na verdade mais superficiais e menos qualitativos?

“Por que você se assusta? O que acontece para a árvore acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal”. (Nietzsche)
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Mudando de assunto 1: Pelo meu sumiço peço desculpas especiais àqueles que lêem meus devaneios com assiduidade e me acompanham por aqui. Foram problemas médicos, mas estou de volta e bem.

Mudando de assunto 2: O endereço do blog mudou para http://primodointerior.blogspot.com/.
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RP

quinta-feira, 21 de maio de 2009

S.A.L. via msn

Serviço de atendimento ao leitor: rpblog@hotmail.com

Catch (or add) me if u can!!!

:)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

SmallVille Changings

A “modernidade” e algumas coisas da cidade grande então invadindo as cidades menores, que já não são tão pequenas assim. Com isso algumas mudanças na cidade (pequena) e no comportamento (sexual) da mesma são inevitáveis.

Todos os dias eu corro o trajeto [Casa > Academia > Casa] e isso faz com que minhas observações sobre o aspecto “transformação” do bairro e das pessoas estejam aguçadas, já que no mesmo bairro tem a casa que eu moro agora; a casa que morei quando nasci, casas de tios, primos, avós e outros parentes; a igreja que meus pais casaram, que eu fui batizado e coroinha; o hospital que eu nasci; a pré-escola que estudei; o colégio que fiz o primário, a praça onde tive minha primeira vez e por aí vai uma lista infinita...
Morei 11 anos fora daqui (São PauloSP, CampinasSP, AmericanaSP, VotorantimSP e Jaraguá do SulSC) mas a maior parte da família ainda mora por aqui e é sempre pra onde eu “volto”.

Dissertação dos fatos que me fizeram pensar nas mudanças dos tempos:


Passando pela frente do colégio... bermudão, fones de ouvido e sem camiseta. A música estava alta, mas não me impediram de ouvir alguns gritos na janela de uma das salas de aula (alunos de no máximo 15 ou 16 anos). As meninas gritavam “GOSTOSOOOOOOO!!!”(ok!) – “HEIIIIIIIIIIII” (hã?Será que é comigo? – cara de desentendido), e os meninos gritavam “BOMBADO VIADO” (??) – “BROXAAAAA” (????) – “MINI PAUUUUUU” (??????).


Estão transformando o bairro. Tinha umas “mansões” e “prédios históricos” aqui, mas estão todas virando estabelecimentos comerciais: Hipermercados, Restaurantes, Lojas, cafés, Baladinha e até teatro. E tem mais novidades a caminho: Vai ter um campus da UFSCAR em 2 meses e um shopping que eu imaginei que seria mais uma galeria, mas quando vi um bonitinho no plantão de vendas e fui lá conhecer (o projeto!!!), soube que vai ter Outback, Oakley e Zara. “SmallVille” virando “BiggerVille”?


Correr faz pensar na vida e eu fiquei pensando em quanta saudade eu to sentindo dos meus amigos mais antigos. Cidade pequena tem disso, quando você tem um grupo de amigos que tem um pouco menos de “conformismo” em relação a vida, a separação é inevitável. Cada um num canto do mundo. A saudade que eu estou sentindo não é aquela de balada, ver e só. É de sentar, conversar, comer, beber, tomar sol e outras amenidades. Saudades do Matheus, Heder, Vitão, Galeni (o mais novo velho amigo), Gustavo, Marcelo, Mariana Porca, Aline, Dani, Amanda, Godoi, Franco, Zica, Thais, Mam’s e Carol....


Minha academia é toda de vidro numa galeria (dentro do tal hipermercado). Quem está passando por lá nos vê treinando lá dentro. Hoje um homem velho, bêbado, sujo, fedido, feio, mal vestido e gay (por minha conta!!!) invadiu a academia direto na minha direção e pegou no meu braço dizendo “Tá tudo dolorido aí??? Quero fazer ginástica aqui também, como faz???”, fiquei tão sem ação, não respondi e fiquei parado vendo todos olhando pra mim até o segurança vir e tirar ele dalí, momento em que ele parou de “apalpar” meu braço.


No que será que isso tudo vai dar (ui!)???

RP

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Vivendo em Ecstasy



Pode escolher...

Opção um:
Uma noite perfeita, onde o tempo passa devagar, as pessoas são lindas e te desejam, todos os seus sentidos estão aguçados, você sente o vento no rosto, o som da música inebria, e quando alguém te toca é uma sensação INCRÍVEL.

Opção dois:
Balada mais ou menos, pessoas feias e loucas sendo inconvenientes, falando com você cuspindo e sem fixar olhar, mordendo a boca e contorcendo-se todo. Dançando sem parar, num ritmo 50 vezes mais rápido que a música que toca o fundo.

A opção um lhe parece mais interessante?
Para qualquer noite ser assim é só escolher uma letra do alfabeto: A, B, C, D, E, G... K... (tudo em inglês). E ainda tem mais um monte de nomes simpáticos como: doce, bala e etc.

Um estudo realizado por médicos americanos aponta para os perigos das drogas e sua influência em maior profundidade sobre os gays pois estes em geral gostam de ter experiências intensas que vão do abuso dos exercícios físicos, ao excesso de sexo e depois às drogas (não necessariamente nessa ordem).

E como é a questão das drogas nas cidades do interior? Os gays das cidades pequenas se drogam menos?

Em um artigo publicado na revista “The Advocate” diz: “... levantou-se que o uso das drogas é maior em homossexuais dos grandes centros urbanos. Segundo o estudo, as drogas fazem parte de um ritual de passagem para os homossexuais que querem se afirmar sob os spots da capital fazendo com que eles se sintam bem, brilhantes e esfuziantes.”
Claro que as drogas estão presentes em todos os lugares, mas no interior há uma necessidade maior de NÃO perder o controle, pois as conseqüências podem ser “graves”. Suas atitudes na rua chegam em casa, e no trabalho, antes de você.

Quantos dos gays que hoje vivem na capital vieram de cidades pequenas? Alguma ligação?

Primeiro o cidadão usa as drogas para curtir a balada, depois, como diz meu amigo Ricco: “fazem uso de ‘fármacos’ para outros tipos de atividades em suas vidas tais como para dormir, para acordar, para comer, para não comer, para ficar forte, para fazer sexo e simplesmente para serem ‘felizes’ com os deprimentes antidepressivos.” Uma reação em cadeia.

Mas quem nunca quis fugir da realidade, tirar os pés do chão e ter uma sensação de ECSTASY por uma noite? Por quantas noites?

O artigo dizia ainda: “os gays ainda esquecem de fazer sexo seguro sob o brilho das drogas.”

Quantos já usaram algum tipo de droga? Quantos esqueceram ou deixaram de “fazer sexo seguro sob o brilho das drogas”? Onde esse círculo termina?

No ano passado o governo distribuiu na Parada Gay de São Paulo folhetos que ensinavam como se drogar com segurança. Não se drogue, isso é crime, mas se o fizer, faça da maneira “x”.
Não mate ninguém, mas se matar, jogue o corpo em um lugar que seja fácil da gente achar. É isso?

Afinal, como queremos viver?

"Muita luz é como muita sombra: não deixa ver." Carlos Castañeda

RP

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ativo x Passivo

O que determina as preferências sexuais dos gays na cama (ou sofá, chão, escada, elevador, banheiro, cozinha... ooops, desculpem o devaneio)? O que faz alguém se autodenominar passivo ou ativo?

O Prazer que sente... ou... a imagem que quer passar... ou ainda... a imagem que quer ter de si mesmo?

Pensando um pouco na orientação do homem em relação a sexo, talvez seja possível encontrar uma resposta. A nossa cultura machista não faz com que os homens em geral supervalorizem sua postura e criem estereótipos sobre ativos e passivos? Afinal de contas é comum ver as pessoas associando a imagem do passivo a um ser feminino e do ativo a um ser masculino.

Nos “chats” de sexo, quando questionados sobre suas preferências sexuais, não raro se lê “Fulano diz: Sou Passivo.”...passam alguns segundos, e antes que você diga algo... “Fulano diz: Mas sou macho”, como se isso fosse uma raridade. Esquece-se que existe muito MACHO que gosta de ser passivo e muita “FÊMEA” querendo ser ativo.

Essa associação para quem mora numa cidade pequena, de costumes rígidos e famílias tradicionais, é ainda mais forte.

Dessa forma não estaria a questão ativo x passivo muito mais ligada ao comportamento - psicologia - e não ao ato de penetração (e o prazer proporcionado por ela) em si?

Então o ativo procura se sentir “macho alpha” e o passivo se sentir “fêmea”?

O sexo tornou-se uma maneira de se formar “hierarquia social” e não de prazer? Ou o prazer está diretamente relacionado à “hierarquia social”?

Estamos na era da volta da panqueca (como se chamavam – eles mesmos - os gays que eram tanto ativos quanto passivos nos anos 60), porém agora com nova embalagem e sabores: São os que se autodenominam versáteis, ativos versáteis, passivos versáteis, ativos liberais, passivos liberais e outras tantas que o humilde escritor que vos dirige os pensamentos mal pode lembrar.

Seria uma forma de o passivo fugir do estereótipo de efeminado? Seria uma forma de todos fugirem da situação de irem para cama (pré) obrigados a agirem de determinada maneira? Ou estão todos com um nível de autoconhecimento bem elevado que não precisam experimentar mais nada?

Tantas denominações não nos faz correr o risco de cairmos num outro padrão: O de que tudo é permitido e somos obrigados fazer determinada coisa que não estamos muito “afim”, ou fazer concessões em nome de um rótulo que nós mesmos nos demos?

E se um homem perde todos os seus preconceitos, e ainda sim prefere ser ativo (pois é assim que descobriu sentir mais prazer)? Ele será sempre obrigado a “pegar”, “dominar” e “decidir” os rumos da relação sexual? Ser “alpha”? Sempre?

As PREFERÊNCIAS existem, formas como cada um sente mais prazer sexual e formas como cada um NÃO sente prazer sexual. Mas você já parou para pensar nos motivos que determinam as suas? Experiência, pressão cultural ou “eu ideal” (a forma como você gostaria de ser visto).

Não seria um pouco de tudo isso?

Conhecer-se a fundo (seus paradigmas, desejos, prazeres e desprazeres) é uma forma de poder usar seu equipamento (Você!) com mais acertividade em busca da felicidade e do prazer.

Enjoy!!!

Próximo tema: Drogas.

RP

terça-feira, 12 de maio de 2009

Agradecimento Especial

Postagem rápida pra agradecer (mais uma vez) o Edu pela menção a mim (e o blog) no blog dele.
Aos meus visitantes indico: www.casadois.blogspot.com.

ADOROOO!

RP

sábado, 9 de maio de 2009

Família Religiosa


Para as pessoas que vivem em cidades pequenas no Brasil, a religião (normalmente católica) é presente desde o nascimento quando as crianças são logo batizadas antes mesmo de saber quem são.

A história do mundo tem grandes contradições acerca das religiões, mas no sentindo geral é reconfortante acreditar numa força maior que resolve todos os problemas, que há um lugar melhor para ir depois da morte (mesmo assim ninguém quer morrer), além de criar regras de conduta que tentem prover harmonia, perpetuação da espécie, pudor, limites e etc.

Como é ser gay numa família religiosa do interior?

A Bíblia em levítico Cap18 V22 diz: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher, é abominação” e em Levítico Cap20 V13 diz: “Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável, serão mortos o seu sangue cairá sobre eles”.

A bíblia é um livro com interpretações humanas. É preciso levar em consideração o tempo e a forma como as pessoas viviam, pois isso dita a forma como elas viam as coisas e consequentemente suas interpretações. Nesse sentido há estudiosos que defendem que a palavra “abominação” - no tempo em que o velho testamento (Levítico) foi escrito - significava “falta de higiene”. Afinal era uma época em que não se tomava banho todos os dias, não existia papel higiênico, utensílios domésticos modernos, assepsia, desodorante, privada com descarga, preservativo, fogão, etc.

No mesmo livro de levítico diz também que é errado comer ou tocar em presunto, camarão, peixes de couro (Lev.11), misturar dois tecidos na roupa (Lev.19:15) e até cortar a barba! (Lev.19:27). Em dezenas de passagens se diz que não descansar no "sábado" (dia de descanso semanal) é pecado gravíssimo, que traz maldições e deve ser punido com a morte (Êxodo 31:14-15). A maior parte dos cristãos, porém, acha boas razões para relativizar essas ordens, de acordo com seu bom senso. É provável que estejam certos (pois o próprio bom senso deve ser dado por Deus!). Por que, no entanto, eles se recusam a usar essa mesma tolerância em relação às passagens contra a homossexualidade.
No final das contas, a justiça divina será feito por Ele. Será que Ele não usará outros critérios para fazer o julgamento, além do que seu servo fez do seu sexo em vida?

Filme recomendados sobre o tema:
1 - Orações para Bobby (Prayer for Bobby) - Bas. em fatos reais - http://www.megaupload.com/?d=9ZY1SNQ6

2 - Salve-me (Save-me) - http://www.megaupload.com/?d=5DNLQU77

Próximo tema: Ativo x Passivo.

RP

Fidelidade



O Homem é um animal monogâmico? O que dizer sobre a fidelidade de um homem gay?

Essas duas perguntas e a verdadeira batalha que se instala numa mesa de bar quando o assunto é “fidelidade” – o que faz com que esse assunto raramente seja abordado em tal ambiente – falam por si só da complexidade do tema.

A história do mundo diz que não, pelo menos quando o assunto é instinto, já que desde a época das cavernas o homem é “medido” pela quantidade de suas conquistas sexuais e a qualidade da sua performance no ato.
A criação natural e social do homem ensina-o a não recusar sexo e a hipocritamente ser fiel ao seu amor.

Ora, se instintivamente o homem não é fiel, e socialmente ele é educado a conquistar e ter o maior número de pessoas na sua cama (cama = apenas simbologia), como será - este - fiel?

Qual a definição de fidelidade? Ser fiel é não transar com outras pessoas senão seu parceiro, ou não ir contra outros princípios (não sexuais) que baseiam a relação?

Há diferenças entre as duas coisas.

Um casal pode ser unido pela cumplicidade nos atos, interesse culturais que se completam, carinho mútuo, respeito às diferenças, muito tesão um no outro e identificação nas preferências em relação a sexo, apoio profissional, psicológico e moral, amor, paixão, amizade e enfim como um se sente ao estar na presença do outro, sendo “do” outro.

Um ato sexual, simplesmente físico, único e repentino muda tudo num relacionamento? Pelo fato de uma das partes ter usado seu corpo com outra pessoa para gozar mudou o que ele sente pelo companheiro, o que eles viveram juntos, o quanto são importantes pro outro, o quanto de tesão sente no outro, o carinho, a identificação enfim?

A monogamia foi adotada na cultura capitalista, cristã - especificamente nos países católicos e de “classe-média” dominante (lembrem-se dos ricos países árabes), pois seria menos provável que um homem conseguisse sustentar várias famílias e filhos com várias mulheres. Além, é claro, do sexo nos velhos tempos ser algo considerado íntimo, sagrado, puro, uma “consumação” do verdadeiro amor entre duas pessoas (homem e mulher) dispostas a criar uma família juntas, afinal, a maioria das religiões ainda prega que o sexo deve ser feito para procriação.

Hoje existe camisinha, métodos anticoncepcionais, mulheres trabalham, o fato de que no caso aqui abordado (Gays) há a total inexistência de filhos naturais e a intenção do sexo passa longe da perpetuação da espécie. Sendo assim qual o verdadeiro papel da fidelidade nos dias atuais?

A verdade é que as pessoas buscam um relacionamento porque não querem que suas vidas passem em vão, e o “casamento” é uma garantia de que ela deixará sua marca, em ao menos uma vida. Será lembrado, venerado.

Mas porque as pessoas sentem-se tão menos importantes, tão menos desejadas, tão menos valorizadas por seu companheiro quando sabem que este sente tesão – e deu vazão ao sentimento - por outra pessoa?

O problema pode estar, no caso dos homens, em outra parte de sua criação: ele deve ter as “rédias” das situações. Ele tem “obrigação” de não só fazer muito sexo, mas de ser melhor que os outros nesse “negócio”. Ter a melhor “desenvoltura”, o maior membro, e deixar o parceiro com a maior sensação de sacies já sentida em sua existência.
Tendo a fidelidade do parceiro, ele sente isso. Afinal, aquela pessoa trocou todos os outros por ele.

Quando falamos então de cidades pequenas, o problema está no fato do seu companheiro ter transado com alguém, ou na possibilidade de cruzar com o tal terceiro na praça aos domingos?

Um homem pode achar seu companheiro o melhor o mundo (existe?) e ainda sim desejar outros? Estamos falando de “fidelidade” ou “ego”?
As pessoas hipocritamente ignoram o fato de que um casal é formado por todos os outros corpos e amores que ambos deixaram pra trás, e por todas as pessoas que ambos desejaram e amaram e que o rejeitaram também.

Um homem pode realmente só desejar um único homem pelo resto da vida? Um homem pode controlar seu desejo por outros homens por um amor verdadeiro?

Parece paradoxo que solteiros fazem “sexo só por sexo”, daquele tipo que se faz em menos de uma hora com alguém que mal se sabe o nome, um solteiro pode transar com uma pessoa por tesão, por tédio, por fuga, por oportunidade, por desejo absurdo, por passatempo, por pressão dos amigos ou por motivos que ele não sabe o motivo, e nem precisa saber, enquanto para os “casados” o sexo fora da “dupla” tem sempre “algo mais”. Para alguém que tem um relacionamento e transa com algum terceiro nenhuma das razões do solteiro existe; Pensa-se logo que ele o faz porque está insatisfeito com o relacionamento, porque não deseja mais o parceiro, porque está querendo substituir o parceiro ou qualquer outra razão, sempre mais profunda.
Será?

Amar muda os instintos e a criação do homem? A cultura e desejo de conhecer outros corpos?

Afinal, relacionamento é exclusivamente uma questão física? Passa-se o resto da vida com melhor corpo que se encontra? E depois que se encontra o melhor corpo os outros todos se tornam indesejáveis?
Espera-se que todas as outras razões que fazem uma pessoa se sentir completo num relacionamento extinguam seus desejos sexuais incontroláveis por outros “machos”?

Chegando ao ponto crucial do pensamento aqui descrito, todas as perguntas acima são alternativas para a pergunta mais difícil e que – para alguns – tem a resposta mais dolorida: É possível ter um relacionamento em que haja amor e que faça com que alguém queira “pertencer” a apenas uma pessoa com reciprocidade nas duas coisas (amor e sexo)?

Este texto busca muito mais instigar o pensamento individual do que criar uma visão de certo ou errado ou dizer ao leitor como agir.

A única frase que explica com perfeição este conjunto de palavras é: “Não existe pessoa certa para ninguém. O que existe é pessoa certa para aquele momento”.
Sendo assim, curta-o (o momento).

Como uma indústria de cosmético diria para finalizar um de seus filmes de 30 segundos que nos convencem a comprar seus produtos: Bem-Viver-Bem!

E cada um que faça com a frase a construção que lhe convir.
Próximo tema: Família Religiosa.

RP

Caça


Se houvesse apenas uma palavra que definisse o comportamento dos gays, essa palavra seria “caça”.
Ninguém escolhe ser gay por modismo, ou porque acha bacana. Se o cidadão pudesse, ele preferiria gostar do sexo oposto, agradar a família, Deus, a sociedade enfim.
Isso significa que se ele é gay, é porque não conseguiu controlar sua sexualidade.
O sexo, o desejo e o instinto falaram mais alto.
Daí um briga constante e interna porque ele sabe que todos são extremamente sexualizados, mas ele também quer ter – e ser – de uma pessoa só, marcar a vida de alguém, ter sua passagem pelo mundo “compartilhada”.
A fidelidade definitivamente é para poucos nesse mundo.
Há quem discorde e pare de ler esse texto aqui mesmo com raiva desse autor. A estes fica o especial convite a continuar.
Pense:
Quantas historias de heterossexuais andando pelo shopping que se olharam, se desejaram, e acabaram transando no banheiro, ali mesmo no shopping?
Quantas histórias de heterossexuais você conhece que se conheceram num chat de bate papo? Aliás, quantos heterossexuais têm na sala de bate papo da sua cidade neste momento? E gays?
O gay é um caçador, e não é uma questão só sexual, mais uma vez tem a questão identificação, e a falta de opção de como e onde encontrar o “bando”, demonstrada, aí sim, de forma sexual.
Volta-se portanto - como é o intuito da existência desse espaço - no ponto onde o comportamento fica ainda mais evidente nas cidades pequenas.
Um homossexual, como qualquer outro ser humano, quer encontrar pessoas iguais.
Esse comportamento é ainda mais evidente em homens. Já repararam como acontece numa sala em primeiro dia de aula, em palestras, ou qualquer ato social?
Os homens vão se aglomerando num canto, enquanto as mulheres se espalham pela sala. Homem precisa estar em bando pra se sentir forte, protegido e capaz.
No interior não há Frei Caneca, Farme de Amoedo, Arpoador ou Autorama, a caça rola em todos os lugares, e as salas de bate papo são quase uma boate gay aberta 24 horas.
Promiscuidade? Não necessariamente, apenas uma forma de liberar os instintos, suprir suas necessidades sem se importar muito com o que os outros pensam.
E se importar pra quê?
Como exigir de um morador de rua, que nunca teve sua dignidade e sua cidadania respeitada, que ele respeite a cidadania e a dignidade do próximo?
Como acusar uma pessoa que constantemente é vitima de piadas generalistas, que a colocam como parte de um todo que ela mesma, muitas vezes, menospreza, deixe de fazer o que tem vontade para tentar conseguir um pensamento mais amigável dos outros?
Mais profundamente, eles não precisam disso.

Ser gay é bom, fazer sexo é bom, a conquista e a caça são boas, e o proibido é melhor ainda.

Que morram de inveja quem não pode fazer o mesmo.

Quem vive com a liberdade de ser como seus instintos mandam se diverte... e muito.

Próximo tema: Fidelidade.

RP

Aceitação

Acerca das relações entre os homossexuais de forma geral, principalmente nas cidades pequenas, pode-se dizer que há uma tradução completamente diferente para a frase “ser gay” de acordo com o ambiente que se vive.

Numa cidade grande como São Paulo e Rio de Janeiro certamente tem espaço para todo tipo de gente, com suas manias, vontades e jeito de ser. Mas como é isso numa cidade pequena?

Nas capitais há lugares freqüentados por todos os “tipos” de gays: as barbies (os bombados), os mais afeminados, as drag-queens, por gente com mais e por gente com menos dinheiro.
As tribos se juntam, formam seus “clubes”, suas redes de lugares preferidos e rola identificação.
Também não se pode esquecer o fato de que a maioria dos gays que vivem nas capitais estão longe de suas famílias, e fora de suas cidades-natal.
Dessa forma fica mais fácil encontrar amigos, um grande amor ou qualquer outro tipo de relacionamento que se procure. Mas como ter isso vivendo no interior?

O preconceito existe em todos os lugares, é verdade, e é ainda mais presente nos lugares em que as pessoas se conhecem, as famílias são tradicionais e os rostos se repetem pelas ruas. Já que este texto fala de um grupo específico de pessoas, vamos focar no preconceito contra os homossexuais, protagonizados por eles próprios.

É uma questão de identidade: há quem não se sinta relaxado com homens que gostariam de ter nascido mulheres e vestem-se como tal, e há quem não se sinta a vontade com homens que mantém a postura masculina; Há quem não se sinta bem com gente vestindo grifes super-fashion, e há quem não se sinta bem com um monte de gente que sai de regata e jeans básico pra tudo. E normalmente uma “tribo” não se mistura muito com a outra.

Como a variedade de lugares para o publico gay no interior inexiste, sempre uma tribo acaba se afastando, ficando sem opções para suas buscas e seu divertimento, a menos que enfrente os seus – e dos outros – preconceitos.
Frequentar um lugar de determinado grupo de pessoas é correr o risco de aumentar o preconceito da família e não encontrar alguém do mesmo perfil.

É obvio que o preconceito das pessoas e das famílias historicamente sempre fez com que alguns gays vestissem a máscara do “divertido” para serem aceitos, consequentemente os primeiros “aceitos” e assumidos foram os “performistas”, daí vem mais preconceito nas famílias e sociedade, o que gera mais temor e mais medo daqueles que não são assim se sentirem a vontade com sua sexualidade, o que faz com que mais pessoas tenham preconceito, se escondam... e o círculo continua.

Não se pode esquecer que os primeiros que tiveram coragem de mostrar a cara foram sempre os mais “abusados”, que a maioria, mesmo gays, tem um certo preconceito.
Portanto, muito se deve a coragem daqueles que enfrentaram tudo e todos para ser como gostariam de ser.

No final das contas, são felizes? O ambiente afinal não é feito por aqueles que nele vivem?

O que você está fazendo para mudar o que lhe desagrada?

Afinal, é possível ser gay, feliz e “normal” vivendo fora de uma capital?

Proximo tema: A Caça!


RP

NOVO ENDEREÇO!

Endereço antigo: www.gaydointerior.zip.net